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Discutindo a relação

08.04.07

por Vinicius de Oliveira

Cowboy Junkies - At The End of Paths Taken

(Zoe Records)

Top3: “Still Lostâ€, “Someday Soon†e “It Really Doesn’t Matter Anywayâ€

Princípio Ativo:
Relacionamentos

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Diferente das primeiras gravações do quarteto canadense, feitas em poucos dias, com uma curta opção de equipamentos e pouca produção, At the End of Paths Taken é um disco bem produzido, com dedos cirúrgicos em cada sonoridade. Existe apenas um fator que os Cowboy Junkies mantiveram daqueles tempos em que alugavam prédios ou igrejas para gravações: a vontade de fazer algo sincero.

O sentimento dessa vez caminha pelas discussões de relacionamento. Uma boa discussão precisa de um ambiente limpo pra que fique tudo bem claro. É aí que entra a sonoridade do disco. Fazendo o simples da melhor maneira, a banda cria climas que mostram a evolução musical de duas décadas de carreira.

Os canadenses do Cowboy Junkies, nas palavras do próprio baterista Peter Timmins, já faziam country alternativo antes mesmo do termo ser inventado. Eles seguem por esse caminho, não tão surpreendentes quanto nos primeiros discos, como Trinity Session, mas com a mesma capacidade de emocionar. Isso mostra que o disco, apesar do título, está mais para um novo começo que para um fim.

A voz de Margo Timmins ainda mantém uma jovialidade que conquista. A sonoridade pode embalar uma boa conversa ou preparar a cama para um bom sono. Seja na conversa ou no meio de um sonho, o assunto vai ficar mesmo na discussão sobre os relacionamentos humanos e todas as suas complicações. A experiência de mais de 20 anos eles têm pra falar disso.

A sonoridade não vai agradar aos ouvidos modernos de muita gente. Agora, ouvir cada acorde em seu lugar também é algo muito bom. As canções vão passando e a cada momento um instrumento conquista seu lugar de destaque. A tímida guitarra de “Brand New World†vai dando passagem para uma pequena orquestra de cordas. Em “Cutting Board Blues†a guitarra, até então tímida, se distorce enfeitando o vocal energético de Margo. Sem distorções, violino, violoncelo e violão disputam carinhosamente a atenção dos ouvidos, em um folk intimista. Em “Someday Soon†o destaque sai dos instrumentos e passa para um belo dueto vocal. O baixo cria o clima da obscura “It Really Doesn’t Matter Anyway†e o piano fecha o disco com “My Only Guarantee.

“At the End of Paths Taken†é um disco atemporal. Não carrega nem muita poeira do tempo, nem muitas faíscas de modernidade. Por isso mesmo, pra quem tem acompanhado as boas novidades da música, sugiro que deixe esse disco na gaveta e ouça quando precisar de um momento a só, pra pensar suas próprias relações.

O sorriso dos três mostra um bom relacionamento. Sorri aí também careca!

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