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Pânico! No Cinema

08.05.07

por Fernando Guerra

Homem Aranha 3

(Spiderman 3, EUA, 2007)

Dir.: Sam Raimi
Elenco: Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Topher Grace, Thomas Haden Church, Bryce Dallas Howard

Princípio Ativo:
Marketing

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Quando soube que o terceiro capítulo da franquia Homem-Aranha seria centrado no uniforme alienígena, fiquei bastante empolgado. Primeiro, porque essa fase é uma das melhores (e mais populares) dos quadrinhos. Segundo, porque se havia alguém que entendia de escuridão, esse alguém era Sam Raimi - diretor de “A Morte do Demônioâ€, responsável por vários lençóis molhados na minha infância.

Em “Homem Aranha 3â€, o herói já é reconhecido por toda a cidade e a fama e o poder lhe sobem à cabeça, fazendo-o perder a noção. Uma entidade alienígena se apodera do escalador de paredes e transforma seu uniforme em preto - e Peter Parker em emo. No fundo do poço, ele precisa lutar contra a escuridão interna para dar aquela mensagem final que todo mundo espera.

Fato é que Raimi nunca esteve nem aí para a história do Aranha Negro. E que a encheção do produtor Avi Arad para que esse fosse o tema não era por cisma, mas sim porque muitos queriam ver o Venom nas telonas. Para agradar ao público e obviamente engordar algumas contas bancárias no caminho, a produção criou a ovelha negra mais cara da história. E também a mais lucrativa.

O resultado da equação “diretor incrédulo + produção milionária†é um herói ridicularizado como não se via em uma franquia desde o Batman de Joel Schumacher. No quesito How low can you go (Quão baixo você pode chegar), merece destaque a cena em que o Peter Parker faz um número de dança em um bar de jazz. Aliás, a fase emo no filme é de causar vergonha.

Sem a mesma genialidade da cena cujo tema era Raindrops keep falling on my head em “Homem Aranha 2â€, há uma seqüência que mostra um Peter gatão com franjinha na testa como efeito colateral do uniforme negro – ao invés de explorar, como foi feito nos quadrinhos, habilidades como encolher, esticar e transformar-se em roupas comuns – e que ilustra a discutível escolha de retratar a escuridão de maneira cômica. Sem ir tão baixo, o longa também falha quando tenta apelar para o emocional da platéia.

Se, no entanto, a intenção era intertextualidade, Emo Aranha 3 é genial. Na história, o uniforme negro alienígena traz à tona o que havia de pior no herói e consome o seu interior. O mesmo acontece com o filme que, ao abraçar o tema, escorrega quando quer ser dramático, capota quando quer ser engraçado (salvo algumas poucas cenas realmente hilárias) e sufoca o seu conteúdo com um espetáculo visual de efeitos (especialmente dos vilões), um dos raros pontos positivos do filme.

Procurando Emo

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