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O (anti)Senhor das armas

03.05.08

por Daniel Oliveira

Homem de ferro

(Iron man, EUA, 2008)

Dir.: Jon Favreau
Elenco: Robert Downey Jr., Jeff Bridges, Gwyneth Paltrow, Terrence Howard, Shaun Toub, Faran Tahir, Leslie Bibb, Jon Favreau

Princípio Ativo:
Robert Downey Jr.

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A antimatéria é uma teoria física que parte do princípio de que, para toda partícula X (e toda matéria X), existe uma antipartícula X (e, consequentemente, uma antimatéria X). Claro que não é tão simples assim e obter uma anti-qualquer coisa é um processo difícil, raro - e explosivo.

Com “Homem de ferroâ€, Jon Favreau pode ter conseguido o feito:

1- Difícil: O longa é o anti-filme político-pacifista: é escapista, cheio de piadas bobinhas, estereótipos de árabes e um roteiro sem discursos didáticos pré-programados.

2- Raro: Seu protagonista, Tony Stark, é o anti-super-herói admirável: um senhor das armas que lucra com guerras, não dispensa um bom uísque (seguido de sexo casual) e só tem uma crise de consciência ao ver seus ‘inventos’ serem usados pelo inimigo para matar ‘jovens norte-americanos’.

3- Explosivo: Para acabar com esse ‘mal uso’, ele constrói uma ‘anti-arma’: uma armadura cheia de traquitanas tecnológicas, que calha de o manter vivo após um acidente com uma bomba. E que acaba sendo, na verdade, mais outra arma.

Ainda assim, essa ‘antimatéria’ de Favreau pode ser o primeiro a levar o público norte-americano em massa aos cinemas para assistir a um filme sobre a guerra contra o Eixo do mal. É um longa que realiza bem a fórmula ação-explosão-comédia-(pouco)sexo, nessa ordem. E é um filme de um super-herói altamente humano e crível.

Esse último item é mérito indiscutível de Robert Downey Jr. E grande parte da fluidez agradável dos mais de 120 minutos também. Ele consegue ser engraçado (sem parecer idiota) discutindo com robôs, metralhando diálogos e se arrebentando nos vários momentos de comédia física. Ao mesmo tempo, constrói um homem falho que tenta se redimir de seus erros. Mesmo que, quando Stark volta ao Afeganistão com sua armadura rubro-dourada para combater terroristas, ele não passe de uma versão tecnológica e engraçadinha do intervencionismo de Bush - um Capitão América with lasers.

Mas o roteiro de “Homem de ferro†diverte sem chamar o espectador de idiota. O pouco desenvolvimento dos coadjuvantes é compensado pelas boas atuações – Gwyneth Paltrow e Jeff Bridges são escolhas acertadas para os diálogos ágeis e afiados. E a opção de Favreau por mais animatrônicos e menos CGI combina com o caráter realista da história. Seu grande pecado é a caracterização dos personagens muçulmanos, especialmente o vilão Raza e seus discursos bondianos de ‘dominação do mundo’.

Porque a Marvel pode até querer fazer você acreditar que são os terroristas. Mas fique na sala até o final dos créditos e confira o verdadeiro ‘plano de dominação mundial’ em andamento.

Mais pílulas:
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Nas horas vagas, Downey Jr. também fez um extrazinho apertando parafusos.

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