Busca

»»

Cadastro



»» enviar

Turistas por acidente

19.10.08

por Daniel Oliveira

Na mira do chefe

(In Bruges, EUA/Reino Unido, 2008)

Dir.: Martin McDonagh
Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Ralph Fiennes, Clémence Poésy, Jérémie Renier, Zeljko Ivanek, Jordan Prentice

Princípio Ativo:
Bruges

receite essa matéria para um amigo

O título original de “Na mira do chefe†é “Em Brugesâ€, o que faz bem mais sentido porque grande parte do humor do filme deriva do fato de que Bruges é o cu do mundo. Só que é um cu do mundo cheio de edifícios medievais, coisas góticas, cisnes e um ar de conto-de-fadas - o que faz dela um cu do mundo bem agradável, se você gosta de edifícios medievais, coisas góticas, cisnes e um ar de conto-de-fadas.

Ken gosta disso tudo. Seu parceiro, Ray, não. Os dois são assassinos profissionais irlandeses em férias forçadas na cidade belga, após Ray matar um garotinho por acidente. E “Na mira...†é o tipo de filme em que criancinhas são mortas por acidente e anões, skinheads, gays, belgas, vietnamitas, prostitutas, holandeses e qualquer coisa que se mova são motivos de piadas politicamente incorretíssimas – e hilárias.

Então, se suas partes íntimas e macias se ofendem com esse tipo de grosseria, passe longe. Mas se você não se apega a coisas pequenas, vai descobrir que a grande piada do diretor inglês Martin McDonagh (Oscar em 2006 pelo curta Six Shooters) é com os irlandeses. Ken e Ray são de Dublin – assim como os atores Brendan Gleeson e Colin Farrell – e, com os dois, McDonagh tira um bom sarro do alcoolismo insano, da boca suja e do ódio dos irlandeses por qualquer parte da Europa que não a própria Irlanda.

O diretor-roteirista se aproveita de um fiapo de trama para criar diálogos absolutamente hilários e destilar seu amor e ódio pela malfadada Bruges. Se Ray passa grande parte do filme amaldiçoando a cidade (que, acima de tudo, é cheia de belgas!), McDonagh faz longas tomadas que mostram sua bela arquitetura. O roteiro ainda se apóia em referências pop bacanudas – Orson Welles com “A marca da maldade†e “O terceiro homem†dão o tom policial; e o pintor Hyeronimus Bosch adiciona um toque surreal à história, com seus anões e figuras estranhas.

Gleeson rouba a cena com seu Ken deslumbrado pela cidade, mas Farrell não faz feio – numa versão mais cômica de sua performance em “O sonho de Cassandraâ€. Ralph Fiennes, mais uma vez, é muito bom sendo o cara muito mau. E o elenco de apoio ainda inclui Zeljko Ivanek (da ótima série “Damagesâ€), Clémence Poésy (a versão francesa da loira de “Scrubsâ€) e Jérémie Renier (virando o Gael belga).

Ironicamente, você pode até sair da sessão querendo conhecer Bruges, uma cidade em que se bebe cerveja em taças mais caras que a própria bebida. Ou não. Pelo menos, vai ter a certeza de que valeu a pena ver um filme com a fala “Você não pode dar calmante de cavalo para um anão! É errado!â€.

Mais pílulas:
- Xeque-mate
- Escorregando para a glória
- A última cartada
- ou Navegue por todas as críticas do Pílula

Gleeson: Ahan, eu vi sua sex tape....

» leia/escreva comentários (3)