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Amor de Verão

10.12.08

por Taís Oliveira

Little Joy - Little Joy

(2008)

Top 3: "Brand New Start", "The Next Time Around", "Keep Me In Mind".

Princípio Ativo:
Praia

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Não é de hoje que Rodrigo Amarante faz suas dancinhas e seus acordes em terras norte-americanas. Desde o ano passado ele vem tocando com Devendra Banhart, o que já rendeu vários shows, uma música ("Rosa") e a participação em outra banda (Megapuss). Mas quando Amarante se juntou a Fabrizio Moretti, dos Strokes, era a maneira de o mundo nos compensar por Nós. A dupla, unida a Binki Shapiro, namorada de Moretti, faz canções bonitas, sem anseio de hype, que definitivamente serão presença garantida em rodas de violão mundo afora.

Ouvir Little Joy é uma experiência sinestésica. Da primeira à última música, várias imagens vão passando na cabeça, a maioria envolvendo um pôr-do-sol na praia. É esse clima de um grupo de amigos numa praia, num fim de tarde, cheio de referências havaianas – e por que não um pouco de Elvis, ele mesmo já tendo gravado shows no Havaí? – que faz com que a audição seja uma experiência tão agradável. E com um cheirinho de mofo ótimo para os ouvidos.

"The Next Time Around" inicia o disco explicitando o estilo da banda: músicas de três minutos, instrumentos e clima havaiano, bateria simples e marcada, backing vocals e até versos em português. "Brand New Start" é ainda melhor. A culpa é do refrão chiclete, para cantar junto jogando a cabeça para um lado e para o outro. Dá para entender porque eles falam para tirar proveito da estação. Little Joy é amor de verão. Só o tempo vai dizer se ele sobe a serra.

Pausa para a balada depressiva em "Play the Part". A (grande) alegria volta em "No One's Better Sake": da mesma "espécie" das duas primeiras, começa divertida e vai ficando retrô, dessa vez com o acréscimo de um órgão. A banda consegue ter identidade sem ter que fazer versões das próprias músicas durante o disco. Em "Unattainable", Binki Shapiro mostra a que veio. A voz doce e preguiçosa da moça é uma carícia nos ouvidos e a música, uma balada simples e bonita. É ela também quem praticamente sussurra na calma "Don't watch me dancing", acompanhada no final (também retrô) pelas vozes masculinas.

Hora do air drums (ou palminhas, para os mais tímidos) em "Keep me in my mind". Com um toque mais rock, dá para imaginar a performance clássica do Amarante enquanto canta o refrão. Além da bateria, o destaque é o vocal, mais bêbado e encantador que o normal. "How to Hang a Warhol" é, talvez, a mais divertida de todas as canções divertidas do disco. Um pouco irônica, a letra contribui, mas no final revela ser, mais que uma brincadeira sobre ser artista, uma homenagem à Música.

Rodrigo Amarante incorporou Marcelo Camelo e fez a última canção do disco, "Evaporar"; na medida para quem sente saudade dos Hermanos. Mas a gente perdoa, pelo orgulho brasileiro da letra em português e porque a música não é tão ruim assim. A essa altura, já estamos apaixonados.

Binki de bikini

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