Círculo de Fogo


Nossa avaliação
Pacific Rim (2013)
Pacific Rim poster Direção: Guillermo del Toro
Elenco: Charlie Hunnam, Diego Klattenhoff, Idris Elba, Rinko Kikuchi


“Círculo de Fogo” tem muito de “Top Gun”. E de “Independence Day”. E de “Godzilla vs Mothra”. E “Evangelion”. E H. P. Lovecraft.  E “Changeman”. E de… Já deu pra perceber que originalidade não é o forte do filme, né. A boa notícia é que Guillermo del Toro pega todas essas ideias e faz uma antologia de clichês que são muito bem aproveitados para construir o melhor filme-pipoca do ano até agora.

Bela homenagem aos monstros do cinema e da tv japonesa, a produção é toda estruturada em cima do exagero: muito barulho, muita cor, muita ação, muitos robôs, muitos monstros. É tudo grande demais, barulhento demais, movimentado demais. Todas as frases que saem das bocas dos personagens são de efeito, calculadas para parecerem grandiosas. E por falar em personagens, eles não são pessoas, são arquétipos (e quando se tratam dos não-americanos, são resumidos a estereótipos mesmo), simples, sem muito desenvolvimento a não ser os rápidos flashbacks que aparecem na tela quando estão em processo de equilíbrio neural (chego lá daqui a pouco). “Círculo de Fogo” não quer perder tempo com conversa fiada (e quando faz isso, tem seus piores momentos): a atração aqui são robôs gigantes batendo com força em monstros assustadores que saíram de uma fenda no fundo do mar.

Estas construções mecânicas que deixam os Transformers no chinelo são chamadas de jaegers (caçador em alemão) e pilotadas por dois soldados, já que um só não suportaria a conexão neural com a máquina. Eles precisam estar mentalmente sincronizados, dentro do robô, fazendo movimentos que são então espelhados pelo gigante eletrônico. Nestes momentos de “pilotagem”, del Toro parece emular os recentes jogos para Kinect, dando à dança do robô uma nova expressão visual. Parece bobo, e é. Mas é muito bem feito. “Círculo de Fogo” é isso: uma história simples, com personagens simples, e o melhor dos efeitos visuais.

Moves like jaeger

Mas nem tudo é perfeito: o diretor às vezes filma fechado demais, dificultando a visualização das lutas (o design de alguns jaegers pode confundir também) e os cientistas coadjuvantes engraçadinhos cansam pelo excesso (como já disse, tudo é muito exagerado). Além disso, há um interlúdio “memórias de Mako” que foge do filme – apesar de visualmente belíssimo –, só deixando tudo tedioso quando a adrenalina começar a baixar. Felizmente, depois disso “Círculo” de Fogo engata de vez e vai acumulando um “uau” atrás do outro, com direito a tudo que você provavelmente gostaria de ver num filme desses. E daí que a dinâmica dos personagens é a coisa mais batida do cinema de ação? E daí que você já viu tudo aquilo antes?

Guillermo del Toro pega essas referências com prazer e as usa sem medo e bem colocadas, com direito a umas alfinetadas sociais, como o principal robô da história se chamar Gipsy Danger. A “ameaça cigana” (tão temida pela direita europeia) tem enorme poder de destruição; mas pode acabar sendo a maior esperança da civilização. Os pilotos dentro dos jaegers também trazem um interessante senso de humanidade para os robôs gigantes, dotando aquelas máquinas de… personalidade. Quer mais? Só na sala do cinema. “Círculo de Fogo” é pra ver na tela grande: do espetacular prólogo à cena durante os créditos, é a diversão perfeita para adolescentes e pré-adolescentes.

Ou para despertar a pré-adolescência naqueles não tão jovens assim…


5 respostas para “Círculo de Fogo”

  1. O filme é divertido, mas eu não consigo tirar meus “óculos feministas”. A única personagem mulher (!!!!) – o que já é sintomático – é muito mal construída. Supostamente ela é forte e bem preparada, mas sempre precisa ser acudida pelos homens e não faz nada de relevante. E quando o marechal fala “vamos abrir caminho… para a dama” eu quase caí da cadeira.

  2. […] Amor impossível, honra, bruxaria. Você já viu tudo isso antes. Mas ao contrário de filmes que usam a falta de originalidade a seu favor, “47 Ronins” faz uma bagunça que não é nem divertida nem historicamente informativa. Podia […]

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