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Pai, Filho (e Espírito Santo)

16.01.10

por Daniel Oliveira

Lula, o filho do Brasil

(Brasil, 2009)

Dir.: Fábio Barreto
Elenco: Glória Pires, Rui Ricardo Dias, Juliana Baroni, Cléo Pires, Milhem Cortaz, Lucélia Santos, Sóstenes Vidal

Princípio Ativo:
o Barretoway de fazer cinema

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“Lula, o filho do Brasil†não vai influenciar as eleições presidenciais em outubro. Simplesmente porque não é tão bom assim - dentre dezenas de outros motivos que poderiam ser citados. Michael Moore já tentou, deliberadamente, ter esse tipo de impacto com um filme e falhou. E olha que “Fahrenheit 11 de setembro†era até bom. E foi lançado semanas antes da votação.

Já “Lula†é um longa mediano, que passa a maior parte de seus 130 minutos emulando outro filme e empalidecendo diante dele. A produção do diretor Fábio Barreto só abandona a mediocridade e assume vida própria quando desiste de ser “2 filhos de Francisco†reloaded e abraça a escalada sindical de seu protagonista, ganhando ritmo e fazendo jus ao tom épico da história nos seus 40 minutos finais.

Até ali, o filme é uma tentativa mal sucedida de homenagear o realismo do cinema brasileiro dos anos 50 com um roteiro e direção de novela global. Grande parte da meia hora inicial é passada em silêncio, sem diálogos – não por sutileza, mas porque o filme não parece ter nada a dizer. O roteiro é uma colagem de eventos da vida de Lula – a maioria deles conhecida por qualquer pessoa razoavelmente informada – que nunca flui como uma história, além de acrescentar muito pouco, política ou cinematograficamente, ao que está sendo dito. Com isso, haja trilha musical para disfarçar a falta de talento da direção – o que, consequentemente, melodramatiza várias cenas (uma passada em um cemitério, especialmente) acima do necessário.

Os atores não têm muito o que fazer, com um roteiro pobre que não desenvolve ninguém além do protagonista e sua mãe, Dona Lindu. Figuras como a esposa Marisa (Juliana Baroni) surgem e desaparecem sem muita cerimônia, assim como os irmãos do protagonista e uma série de outros personagens. Mesmo Glória Pires não chega aos pés do Francisco de Ângelo Antônio, que sua mãe-coragem tenta emular. Já o Lula de Rui Ricardo Dias demora em engrenar mas, quando vem à tona nos discursos sindicais, é um dos grandes responsáveis pela melhoria exponencial do filme, ao lado da edição mais ágil de Letícia Giffoni e a trilha menos melosa de Antônio Pinto.

Falar que “Lula, o filho do Brasil†é o melhor filme de Fábio Barreto é quase uma piada, considerando um diretor com “A paixão de Jacobina†e “Bela Donna†no currículo. Após o longa, quem gostava de Lula vai continuar gostando e quem o odiava vai continuar odiando. A não ser aqueles que ficarem com dó do presidente que, quando encontrar Zezé Di Camargo, vai ter que escutar o sertanejo zoar que “meu filme é melhor que o seuâ€.

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