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Encontro de Famílias

10.05.06

por Rodrigo Campanella

Missão: Impossível 3

(Mission: Impossible 3, EUA, 2006)

Dir.: J.J. Abrams
Elenco: Tom Cruise, Philip Seymour Hoffman, Ving Rhames, Michelle Monaghan

Princípio Ativo:
uma vida em red bull

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“Alias†mudou tudo. A série de tv da espiã Sydney Bristow jogou para um nível acima o que se podia esperar de agentes secretos em ação. Seu trunfo de misturar dois grandes gêneros tipificados (‘o drama familiar’ e ‘a série de ação’), mostrando competência em ambos, fez carreira na tv (‘Lost’, ‘Grey´s Anatomy’) e casou também telinha e telona. Por conta de ‘Alias’ Tom Cruise chamou J.J. Abrams, criador da série, para dar uma polida na franquia M:I. O resultado é acima da média, mas com sabor de temporada completa espremida em um capítulo.

Abrams confirma sua jogada certeira de situar o inimigo dentro de casa. Mas ao invés da paranóia padrão de ‘24 Horas’ e um pouco perto de Spike Lee, a mensagem é outra: o inimigo é a própria casa, em sentido amplo. A construção de uma nação de idiotas só funciona diante da cegueira de uma multidão de gente morrendo de medo de ser roubada daquilo que é vendido como a última segurança: a família. Abrams manda um país se olhar no espelho e dá o cutucão: é muito, muito fácil colar culpa numa cor de pele, mesmo se for mentira.

Esse discurso fica de fundo, enquanto no primeiro plano a direção e Cruise entregam a ação farta esperada. A criatividade das situações de tensão parece resultado da cabeça de um grupo de cinéfilos com boa memória e habilidade para cruzar referências e criar o novo. E se gravar aquilo deve ter sido muito chato devido ao volume gigante de tralhas para controlar no set de gravação, a diversão de Abrams em montar o material na mesa de edição chega intacta ao espectador na poltrona.

Mas se numa série de tv é possível jogar com a trama por ser um projeto aberto, numa franquia comandada por produtores (Cruise) e um estúdio, caso de ‘Missão Impossível’, é preciso medir cada detalhe para não atrapalhar uma futura continuação. Nisso, ‘M:I 3’ acaba restringindo o tamanho de suas asas para virar um filme ‘família’, tanto no gênero quanto na trama, como um efeito-Spielberg no mau sentido.

Com os caminhos cortados, fica faltando algo que dê ao filme o sopro de vida. E, mesmo numa série em que atores ficam no segundo plano, o motor por trás de tudo é Owen Davian, o contrabandista encarnado por Philip Seymour Hoffman (Capote). É dele que vem o ódio que toca o filme em frente, embalado no carisma da equipe de Hunt, enquanto o resto do cenário explode (com competência). Tom Cruise por seu turno, nunca foi tanto Ethan Hunt, apesar de Hunt ser também Tom como nunca . Seja como for, o faro de Cruise continua afiado - que venham os milhões.

Cruise também joga GTA.

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