Não mexa, não toque
21.08.08
por Rodrigo Campanella
|
Zohan – O agente bom de corte
(You don´t mess with the Zohan, EUA, 2008)
Dir.: Dennis Dugan
Elenco: Adam Sandler, John Turturro, Emmanuelle Chriqui, Nick Swardson
Princípio Ativo: enchimento
|
|
receite essa matéria para um amigo
Na última semana, circularam pela web notÃcias e manifestações sobre os baixos números de bilheteria de “Encarnação do Demônioâ€, o último filme de Zé do Caixão. José Mojica e suas unhas compridas fizeram da precariedade técnica e do horror com cores brasileiras um estilo único, estilo na medida para espantar senhores, senhoras, desavisados e qualquer moralismo um pouco aguçado.
O susto é que “Zohan – O Agente Bom de Corte†(tÃtulo sutilmente ambÃguo), filme para ser apoiado no balcão e consumido com canudinho, acaba atingindo nÃvel de espanto parecido com aquele de Mojica, mesmo que por vias tão tortas que o resultado parece acerto involuntário. Coisa de quem mirou no humor mais bobo e acertou uma caça maior.
Pois Zohan começa razoavelmente bem como comédia de absurdos, apostando cenas naquela visão estereotipada que, acredita-se, os norte-americanos têm sobre o que está além das fronteiras deles. É um teaser divertido do que poderia ser um musical bollywoodiano gravado nos States com Adam Sandler escrevendo e protagonizando.
Mas quando o super-homem israelense Zohan simula a própria morte para dar linha do Exército e virar cabeleireiro na América, o filme recebe uma camada descartável de “conquiste seus sonhos†a troco de história, afundando o ritmo. O nome de Judd Apatow está nos créditos como escritor, mas Zohan não é “Ligeiramente Grávidos†ou “O Virgem de 40 anos†- e isso significa que ele não se preocupa em rechear com algo interessante o espaço vago entre as situações que apostam em alguma graça.
Toda essa descrição, porém, é incapaz de dizer o quanto Zohan acaba sendo uma paródia demolida contra o próprio recalque, leia-se sexo, trabalhado abertamente ou não nas comédias americanas. Quem não encara bem piadas incluindo pênis e desejo sexual por qualquer objeto movente pode atravessar a rua ao ver esse filme em cartaz.
Os que permanecerem no mesmo passeio vão descobrir que essa provável paródia talvez seja involuntária, fruto da falta de noção levada a altas inconseqüências. E busca, dentro do ridÃculo, aquilo que ainda cause o choque de dizer “não acredito que ele vai fazer ISSOâ€.
Na soma de tudo, não deixa de ser um filme icônico para Adam Sandler, com o bobalhão americano que ele vem fazendo há tanto tempo elevado à décima potência e sendo perturbadoramente bondoso, numa mensagem de como o público do filme pode ser tão quadrado. Parece apenas infantil, mas o jeitão galã anos 80 do protagonista de Zohan confirma que Sandler, enfim, cresceu e pode ser um veÃculo de coisas incômodas quando menos se espera.
Mais pÃlulas:
- Superbad – é hoje
- Eu os declaro marido...e Larry
- Espanglês
- ou Navegue por todas as crÃticas do PÃlula
A poesia do desagradável.
» leia/escreva comentários (7)
|