Uma mixtape para 2010


Nossa avaliação

2010,

antes que você vá embora, te deixo essa mixtape de presente. Nem sempre a gente se deu bem. Todo mundo te #xingoumuitonotwitter. Você foi um pouco injustiçado. Mas o fim de vocês, anos, é época de esqucer as mágoas e se entender. Não sei se te entendi direito, mas vou tentar.

Você foi tão bonito e patético quanto um ex-junkie cantando “você sempre foi minha droga favorita”. Foi um desastre, mas daqueles em que a gente se salva no final e canta junto de mãos dadas. Você foi meio hippie. Em você, até os hipsters fizeram festas em suas próprias cabeças e tentaram entender como o mundo continua indo pra lugar nenhum, enquanto crianças celebraram o Paul, a vida e a morte.

Você foi meio creepy também, cheio de fantasmas. Fantasma Jeff Buckley, que encarnou em um incrível homem partido. Fantasma Michael, que encarnou numa negona topetuda e numa branquela indie-crush. Alteregos póstumos.

Mas seu fantasma maior, chefão do seu jogo, se chama noventa. Ele deixou um cartoon superstar melancólico, com saudade do amor pela música doce, que a gente não consegue esquecer. Dos estômagos quase fritos que a gente não consegue esquecer. Das memórias em geral. Da época que costumávamos esperar.

Eu costumava gravar. Costumava gravar fitas, costumava assinar meu nome. Mas hoje aceite essa humilde playlist no Grooveshark, um dos seus melhores filhotes.

Mas não se esqueça de ir se foder. Não é nada pessoal – eu sempre quis dizer isso para todos os anos. Mas você deixou, tanto que o seu hit mais marcante, aquele que vai nos ajudar a lembrar de você daqui a 10 anos, tem esse nome. Vai se foder.

Enquanto em você faziam a festa colorida nacional, eu ficava com mentiras brancas e um outro nacional bem mais sombrio. E a sombria sigla mpb perdia o zzz de suas entrelinhas com um sotaque paulista que divisa um novo rosto a cada belo horizonte, a cada trumpete e sanfona.

Você foi bom em não discernir ficção de realidade, música de letra, início do fim. Você foi dramático, mas foi melhor quando largou o mimimi e foi mais elegante, quando não entregou as armas. Quando largou a nostalgia e pariu ídolos. Uns com bochechas rosadas de bebê inglês, outros com os olhos piscantes do Brooklyn. Com a cara que for, alguma coisa boa tem que funcionar.

2010, com você saindo  fora, e eu ainda dentro, há vantagens para os dois. Até que você foi legal. Mas vai se foder.


4 respostas para “Uma mixtape para 2010”

  1. Meu playlist #bestof 2010: Fuck you, Cee Lo Green; Sprawl II (Mountains over mountains), Arcade Fire; We used to wait, Arcade Fire; Uummannaq song, KT Tunstall; Fade like a shadow, KT Tunstall; Where I am, Dead Lovers; Never gonna leave me, Sia; Rolling in the deep, Adele; Cherry red, Ida Maria; I’d do it all again, Corinne Bailey Rae; Write about love, Belle & Sebastian; Stop for a minute, Keane; My shadow, Keane; You are not stubborn, Two door cinema club; Midnight hour, Reflection feat. Estelle.

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