Aparentemente, “Community” apela para o gênero do mockumentary, ironizando séries como “The Office” e “Modern Family”.  Mas o documentário que Abed está fazendo sobre os amigos em um hospital no suposto leito de morte de Peirce está mais para episódios especiais de dramas médicos do que para a comédia.

É impressionante como a série não tem medo de se arriscar, usando aqui uma estrutura dramática para nos levar a compreender melhor os personagens. E chama a atenção também o constante reforço de Peirce como vilão, um personagem cômico que está ali para ser odiado.

Após o abuso dos remédios no episódio anterior, o personagem de Chevy Chase vai parar no hospital e finge estar em seus momentos finais de vida, entregando uma “herança” para cada um. Os presentes de Peirce são, na verdade, formas de tortura psicológica que irão afetar a todos. E se o que foi escrito neste parágrafo até agora parece mais coisa de filme de terror ou de um drama pesado, isso só prova o quanto “Community” não é uma série normal.

A câmera na mão típica deste gênero de documentário televisivo fake transmite um nervosismo nas cenas ao mesmo tempo em que dão margens para as análises metalingüísticas de Abed. Brincando com a estrutura de sua própria filmagem, o episódio consegue momentos de um humor muito sutil, que é bem equilibrado com piadas mais físicas, como aquelas envolvendo Troy e Jeff.

Não foi um dos momentos mais engraçados da série, mas com certeza, um dos mais interessantes. “Community” pode ser acusada de muitas coisas, mas nunca de não ser surpreendente.