Entrevista: Selton Mello e elenco de O Palhaço


Nossa avaliação

A trupe de “O Palhaço” apresenta fora da tela o mesmo entrosamento que vemos no filme que estreia nos cinemas nesta sexta-feira. Capitaneados pelo ator e diretor (e roteirista e montador) Selton Mello, os atores eram só sorrisos, muitas vezes um completando as frases do outro. Para as respostas econômicas de Mello, havia as longas digressões de Paulo José. Para o jeito contido de Cadu Favero, o exagero animado de Moacyr Franco. No meio de tanta gente, Ferrugem entrou mudo e saiu calado, enquanto Erom Cordeiro e a estreante Giselle Mota explicaram rapidamente sobre o processo de preparação dos personagens. Era muito pouco tempo para tanto bate-papo…

“No fundo, no fundo, o que esse filme é, é uma homenagem à nossa profissão”, começa Selton Mello. “Muita gente pergunta se eu usei storyboard,por causa de estrutura, mas não. O storyboard era na minha cabeça. É um filme que estava muito claro na minha cabeça. O elenco é uma mistura de gente nova com atores mais experientes e com figuras que acho que deviam estar mais em evidência, como o Moacyr e o Ferrugem. Então, com essa mistura, você acredita que aquela trupe existe”.  “A gente teve um período antes de ir para o set em ensaio circense”, completa Giselle Motta, “com grandes nomes do circo. E teve o famoso personal palhaceitor, que ficou mais com o Paulo e o Selton”.

Paulo José, que chegou com um pouco de atraso (já com a entrevista em andamento), foi recebido com aplausos de seus colegas. “Pergunta pro Paulo. O que ele mais gosta de fazer é falar”, brinca Selton. E nem era tão brincadeira assim, já que Paulo José fez questão de ressaltar o bom trabalho do diretor: “Selton é uma fera. Ele finge de bonzinho, mas por dentro isso é um bicho. O Selton não é obsessivo, mas ele é teimoso, determinado. Diretor não pode ser bonzinho, ele tem o dever, a obrigação de ser exigente. É difícil fazer filme, tem que ter disposição pra fazer um filme leve, otimista, carinhoso, como é o Palhaço”. Cadu Favero completa: “Fiquei com medo de que o cinema brasileiro ficasse só na comédia, mas estamos vendo novos rumos, novas histórias. E agora estamos apostando no sonho, que era uma coisa que o cinema brasileiro há muito tempo não falava”. Selton continua: “Eu acho que faltava um filme desse no cinema brasileiro, que te eleva”. Perguntado sobre sua identificação com seu personagem no filme, que passa por uma crise existencial, o diretor responde que sua crise não é passageira: “Eu trabalho desde os oito anos de idade. Eu tenho 38. Há 30 anos eu tenho essa crise. Há 30 anos eu penso em desistir e depois vejo algo lindo que me faz continuar nessa profissão”.

E há quase 30 anos que Paulo José e Selton Mello se conhecem, o que pode explicar um pouco a ótima interação dos dois no filme, em que fazem pai e filho. “Conheço o Selton desde menino, ele e o irmão dele”, conta Paulo José. “Nós somos vizinhos”, continua Selton, “eu já trabalhei com a filha dele”. “Eu já trabalhei com o filho dele…” interrompe Paulo José em meio às gargalhadas dos outros, “o irmão dele já namorou a minha filha…”. “Sério??? Não sabia disso!”, brinca o diretor entre risos. E eis que chega o furacão Moacyr Franco. Ajoelha-se na frente de Selton Mello e Paulo José, senta-se apressadamente ao lado dos dois e começa a falar.

Moacyr Franco levou o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Paulínia

“Ninguém fala de mim! Ninguém se lembra de mim! O Selton foi o único que se lembrou, e por sorte eu ainda estava respirando!”. Risos enquanto o diretor explica como surgiu a ideia de convidar o cantor para uma participação especial como o delegado no filme: “Eu assistia com meu pai na infância o ‘Moacyr Franco Show’….” – “O pai dele também assistia na infância”, interrompe aos risos Moacyr. “Ele foi muito carinhoso comigo recuperando essas músicas, muitas das quais vocês escutam no filme. O Selton me incluiu nisso e aqui estou eu, feliz da vida, radiante. Eu nunca senti em todos esses anos de carreira um ambiente igual ao desse filme. Eu tenho uma saudade… E eu convivi com eles minutos, horas apenas… Eu acho que todo mundo que lembra das filmagens chora”.

E ele não para: “Eu sempre achei palhaço sem graça. Eu gostava muito daquela parte do drama do circo. Eu sempre achei muito mais triste o palhaço do que alegre”. Cabe a Paulo José interromper o cantor para encerrar a entrevista: “Vocês não imaginam a satisfação que eu tenho aqui com vocês ouvindo o Moacyr Franco falar (uma brincadeira com a fala que o cantor repetia em seus antigos programas)… Como é mesmo a frase Moacyr?”. “Ah, é sacanagem?”, fala Moacyr em meio às risadas do resto do elenco. “Tô falando que eu não acho graça em palhaço…”.

A trupe

 


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