Missão: Impossível: Protocolo Fantasma


Nossa avaliação

[xrr rating=4/5]

Ethan Hunt (Tom Cruise) é o bom e velho agente secreto da IMF especializado em cumprir missões “impossíveis” graças a planos complicadíssimos e a engenhocas avançadas de fazer inveja a James Bond. Só que desta vez o vilão está um passo à frente, e derruba o plano da equipe de Hunt como um castelo de cartas, incriminando-os por um ataque terrorista ao Kremlin e reacendendo as tensões da antiga Guerra Fria entre Rússia e E.U.A. O presidente americano não tem opção senão ativar o “protocolo fantasma”, que consiste basicamente em desmantelar a agência secreta e colocar toda a culpa nos agentes, agora considerados “renegados”.

A quarta edição da adaptação cinematográfica da famosa série da década de 1960 sofre de um dos males típicos das continuações: o esforço obrigatório de tentar superar as mirabolantes façanhas dos filmes anteriores com sequências de ação ainda mais absurdas. O que poderia comprometer a suspensão da descrença do espectador só não o faz graças à habilidade do diretor Brad Bird (de “Os Incríveis” e “Ratatouille”. É, você leu certo), que confere às cenas de ação tanta energia e diversão que nos esquecemos de pensar “ah, mas que coisa mais ‘sacada’”, ficando só em um quase constante estado de riso nervoso. Pior para a equipe que tiver que encarar o “Missão: Impossível 5”, que terá que superar a sequência do Burj Khalifa, que envolve o herói escalando vertiginosamente o prédio mais alto do mundo usando equipamento defeituoso, enquanto sua equipe tenta convencer dois vilões que eles estão se encontrando, quando de fato cada um está tratando com um agente disfarçado.

Apesar do título esdrúxulo (arranjar um subtítulo no quarto filme parece uma tentativa picareta de convencer o espectador que perdeu a conta a assistir o filme sem se preocupar com os anteriores, e fica especialmente mal em um título que já tem dois pontos), a idéia do “Protocolo Fantasma” confere ao filme uma tensão ainda maior que nas versões anteriores. Hunt já havia sido considerado renegado antes, mas nunca teve de trabalhar com limitações tão sérias de equipe, equipamento e tempo. Aqui os planos mirabolantes precisam ser improvisados, e sempre dão errado.

Outro problema típico das continuações (especialmente das não planejadas) é o conveniente salto cronológico que muda completamente a situação de vida do protagonista. “Peraí”, você irá pensar, “esse cara não estava casado e feliz no final do último filme, e não queria mais saber de aventuras?” Bom, M:I:PF (não posso chamar de “MI:4”?) coloca Hunt desde o início no centro da ação, e quando parece que teremos de nos contentar com uma descrição mal explicada dos eventos que o levaram a retornar ao “trabalho de campo”, o filme acaba surpreendendo ao usar essa “backstory” para conferir mais peso aos personagens. Mérito dos roteiristas Josh Appelbaum e André Nemec (da série de TV “ALIAS”), que criam uma trama com muito menos buracos que as dos filmes anteriores.

E talvez o ponto que faz de M:I:PF o melhor filme da série é a decisão acertada de não focar exclusivamente no sem graça Ethan Hunt, já que Cruise consegue interpretar no piloto automático o velho papel do herói durão levemente amargurado colocado em uma situação desesperada. Podemos culpar o botox, mas o fato é que ele nunca teve uma gama muito ampla de expressões faciais, e é uma pena que o filme não dê nenhuma bola para o fato do herói estar beirando os 50 anos de idade. Desta vez há um “arco” de desenvolvimento para cada personagem, ainda que muito básico: temos a estória de Jane Carter (Paula Patton), que quer vingar a morte do seu amado; a de Benji Dunn (Simon Pegg, reprisando o papel do filme anterior), o “cara do suporte técnico” promovido a agente de campo; e William Brandt, um analista obrigado a colocar as mãos na massa.

E se falta um vilão carismático como o Davian de M:I:III, interpretado por Philip Seymour Hoffman, pelo menos o plano maligno de desenho animado do antagonista cria um nível de tensão maior que o MacGuffin assumido do filme anterior. Ainda que seja uma trama recheada dos maiores clichês do gênero, é pelo menos muito bem executada e irá certamente agradá-lo se você gostou dos outros filmes da franquia. Bem, exceto se o seu favorito for o segundo, mas aí o problema é falta de gosto…


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