Espelho, Espelho Meu


Nossa avaliação

[xrr rating=2/5]

Ah Tarsem Singh, o que fazer com você? Será que vai sempre insistir no estilo em detrimento ao conteúdo? Escolher o roteiro não pela história, mas pelas oportunidades na direção de arte?

“Espelho, Espelho Meu” é a nova invencionice visual do diretor, que agora brinca com o estilo das fantasias infantis. E não há como negar que há poucos estetas tão talentosos no cinema quanto Singh, entregando aqui o que talvez seja a melhor representação live-action de um universo de contos de fadas já feita. Já a história e os personagens…

A proposta do filme era interessante (mas não exatamente original, já que existe outra produção com a mesma ideia): recontar a aventura da Branca de Neve, os sete anões, o príncipe e tudo o mais a partir de um novo ponto de vista (o da rainha/bruxa má). Então vamos ver toda aquela história já conhecida de uma forma bem mais cínica, até mesmo um pouco sacana, passando longe da ingenuidade do desenho da Disney.

Seguindo a preocupação do diretor com a imagem antes de tudo, os atores parecem escalados não pelo talento, mas por terem o visual certo para cada personagem. A mais famosa em cena (e conhecida por sua antipatia fora das telas), Julia Roberts encarna a vilã, exalando autoridade e arrogância com pitadas certeiras de humor. Já Armie Hammer parece o príncipe encantado perfeito, enquanto Lily Collins é a descrição exata da Branca de Neve.

Os cenários e figurinos são fabulosos, fazendo um mundo de fantasia tornar-se realidade ali, na sala escura do cinema. E as atuações caricatas até combinam com o tom fantasioso, mas o roteiro é uma bagunça e Singh não parece entender nada de ritmo de narrativa. No início da projeção é dito que não irá se contar a história da Branca de Neve dessa vez. Mas não é isso que ocorre e o próprio filme acaba tendo que terminar dizendo que “afinal, essa acabou sendo a história da Branca de Neve mesmo”. Como assim? A proposta não era fazer algo de diferente?

O final bollywoodiano durante os créditos é divertido, mas até chegar lá o espectador já perdeu a paciência. Tudo bem que personagens de contos de fadas sejam arquetípicos e pouco desenvolvidos, mas eles precisam ter função narrativa, ajudar a história andar. Em “Espelho, Espelho Meu” eles parecem existir apenas para compor o visual, assim como a história parece ser contada apenas para originar belos cenários.

Tarsem Singh, cinema não é só imagem. É movimento também. É emoção. É história. Não há dúvida de que seus quadros são lindíssimos. Mas é isso que eles são: apenas quadros.


2 respostas para “Espelho, Espelho Meu”

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