Titanic 3D


Nossa avaliação

“Titanic” foi o filme que me fez gostar do cinema. Vou explicar melhor. Eu sempre gostei de filmes, mas foi com “Titanic” que eu passei a valorizar o cinema mesmo: a sala escura, a tela gigante, a experiência coletiva. Não é possível explicar ainda, mesmo após 15 anos, o impacto que o filme teve na minha vida. Foi por causa dele que eu passei a buscar publicações especializadas em cinema, tentando entender como era possível uma produção daquelas. Queria saber sobre o diretor, os atores, os custos, a bilheteria, enfim, toda informação possível sobre a obra.

Mas o mais importante foi que ali eu entendi o que era a magia da sala de cinema. Pela primeira vez eu, ainda adolescente, compreendia o que era um “filme para se ver no cinema”.  E consciente de que deveria assistir “Titanic” na tela grande antes que saísse de cartaz, passei a ver o filme quase todas as semanas. Mesmo. Depois, é claro, revi em vídeo cassete, dvd, na televisão… Mas nunca com o mesmo impacto da sala do cinema.

Pois, para a minha surpresa, “Titanic” está de volta ao cinema. Em uma conversão 3D apontada pelo seu diretor, James Cameron, como revolucionária, o recordista de indicações (14) e de vitórias no Oscar (11), a mais cara produção e a maior bilheteria do cinema até então, retorna ao seu habitat natural.

E é impressionante como o filme ganha na tela da sala escura. Toda a potência da grandiosidade elaborada por Cameron aparece em sua glória, transportando-nos para a fatídica viagem do luxuoso navio, com suas lutas de classe, o romance entre uma aristocrata e um artista pobretão e, claro, a tragédia após o choque com um iceberg. Mas e o 3D?

A conversão talvez seja mesmo a melhor feita até o momento. E parte disso se deve à forma de filmagem do diretor, já na época preocupado em explorar ao máximo a profundidade de campo para nos dar uma ideia das dimensões do navio. “Titanic 3D” consegue envolver o espectador neste tipo de cena, e curiosamente, o efeito acaba funcionando melhor nas sequências mais intimistas, como nos jantares no interior do navio, quando as várias camadas da imagem aparecem de forma mais clara. Já em cenas de mais ação, quando a câmera se movimenta mais rapidamente, a imagem perde um pouco o foco, e a definição não fica das melhores.

Mas este é um filme que vale a pena ser (re)visto no cinema, da forma como for. A história do amor impossível entre Jack e Rose resistiu bem ao tempo, em toda a sua imprudência adolescente e ingênua (os diálogos continuam clichês, mas não atrapalham). Parte do encanto de “Titanic” está na forma como o diretor e roteirista transformou o navio em um microcosmos social, usando o naufrágio como metáfora para o fim de uma belle époque em que o homem acreditava ter dominado a natureza e via (como ainda vê) as diferenças sociais como naturalmente hierarquizadas.

Os personagens são carismáticos (apesar do amigo de Jack, Fabrizio, continuar dispensável) e ganham em dramaticidade com a sombra da inevitável tragédia sempre os rondando. E Cameron não nos deixa esquecer do que vai acontecer: sempre que começamos a nos concentrar totalmente no romance, ele insere algum comentário sobre icebergs ou botes, lembrando-nos que tudo aquilo não pode terminar bem.

E só depois que já conhecemos e nos afeiçoamos aos personagens tem início um dos maiores espetáculos visuais que o cinema já concebeu. As cenas do naufrágio ainda impressionam, equilibrando tensão, drama, ação (e até humor) de forma exemplar. As imagens são arrebatadoras e nos momentos de profundidade de campo o 3D nos coloca um pouco mais ali, no centro de tudo.

Quando vi “Titanic” pela primeira vez, entendi que o cinema era aquilo que poderia me transportar para outros lugares que eu não poderia ir a não ser pela magia de uma luz projetada em uma tela branca. O 3D, mesmo convertido, potencializa essa experiência. Não perca a oportunidade de (re)ver “Titanic” no cinema. Esta é uma viagem que você nunca esquecerá.

Eu, pelo menos, nunca esqueci.


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