And we’ll hate what we’ve lost but we’ll love what we find
And I’m feeling fine, we’ve made it to the coastline
Uma bomba, um episódio de quase morte, câncer, um amigo morto ao ser atingido por um ônibus, um maluco atirando pelo hospital. Era de se achar que tudo isso nos deixaria preparado para qualquer coisa. Mas aí veio “Flight” e nos mostrou o contrário.
Uma equipe médica do Seattle Grace Mercy West Hospital, formada por Derek, Mark, Arizona, Cristina, Meredith e Lexie, está a caminho de Boise, onde realizarão uma cirurgia de separação de duas gêmeas siamesas. O avião que transportava os médicos se parte em dois ainda no ar. As primeiras cenas deste season finale lembram as primeiras cenas de “Lost”. Só que não. O acidente de avião que marcou a história do primetime americano envolvia personagens que ainda aprenderíamos a amar. Shonda Rhimes repetiu a façanha com os nossos médicos favoritos oito anos depois, exatamente o tempo que levamos amando cada um deles (um pouco menos de tempo para alguns deles).
Cristina teve o braço deslocado na queda, mas é ela quem acalma mais uma vez uma Meredith sem grandes danos físicos. Mark é outro sem maiores complicações, aparentemente, e Arizona tem uma fratura exposta. Derek e Lexie, que estavam na parte detrás do avião, não são encontrados. Em Seattle, é dia do grande jantar anual que marca o fim da jornada dos residentes cirúrgicos. Apesar da animação do ex-chief, Karev, Jackson e April têm os seus próprios problemas com os quais lidar. Nenhum deles tão importante para o finale de uma temporada de altos e baixos e que preferiu concentrar-se nos altos.
Sloan e Yang logo encontram Lexie soterrada por um pedaço da asa com as pernas e bacia esmagadas, sem conseguir sentir o braço esquerdo e com o hemotórax maciço. Mark fica desesperado e tenta se acalmar consolando a ex-namorada, mas Cristina percebe o mesmo que nós: é chegada a hora. Enquanto ela volta para onde Arizona e o piloto ainda estão aguardando os primeiros socorros, Mark confessa seu amor ainda que tardio e os dois fazem planos para um futuro que não acontecerá.
A novela dos bastidores que seguia paralelamente à rotina dos médicos do SGH dizia que os protagonistas não renovariam seus contratos e que Lexie Grey poderia ser alçada ao posto de personagem título da série. O anúncio recente da renovação por mais dois anos de contrato de Patrick Dempsey, Sandra Oh e Ellen Pompeo não era garantia de que seus personagens sobreviveriam à morte anunciada pelos produtores. Quem acompanha “Grey’s Anatomy”, no entanto, não se surpreendeu com a escolha de Shonda Rhimes. Lexie foi mais uma grande personagem subaproveitada e sentiremos saudades da Little Grey.
No SGH, os médicos continuam suas rotinas sem nem suspeitar do acidente. Bailey enfrenta uma DR com o anestesista bonitão após a notícia de que ele vai começar a carreira de cirurgião bem longe dali. Os dois acabam mantendo a idéia de um casamento, mas agora à distancia.
Derek encontra os outros sobreviventes e corre o risco de perder a mão. Mark tem um tamponamento cardíaco e parece ir rumo ao encontro de Lexie. Arizona consegue mantê-lo vivo falando da pequena Sophia e do quanto as duas e Callie precisam dele. Antes de anoitecer, um helicóptero sobrevoa o local do acidente, mas o sinalizador não funciona, deixando-os para passar a noite ou sabe-se lá quanto tempo ali.
Owen descobre que Teddy recebeu um convite para assumir a chefia de todas as cirurgias realizadas pelo exército americano e se preocupa com mais uma vaga em aberto para preencher. Altman diz que não aceitará a proposta e Hunt a questiona sobre sua lealdade ao país. Teddy confessa que é mais fiel ao seu amigo, que deu todo o suporte do qual ela precisou quando o marido morreu e agora necessita de um ombro amigo caso a esposa o abandone. Ela assume que seu maior desejo é ir embora daquele hospital carregado com tantas lembranças de Henry, mas partir e abandonar Owen não é uma opção. O chief, então, mais uma vez mostra todo o seu amor por Teddy e a demite, libertando-a para seguir seu caminho.
“Flight” foi um episódio amargo. Mesmo o humor negro, sempre presente na série, foi difícil de saborear. A música, um acompanhamento sempre presente nestes oitos anos, só aparece lá pelos 37 minutos de exibição. O mais difícil, e o que deixa apreensivo, é ficar sem saber o que acontecerá a seguir, como os personagens escolherão jogar, ou como Shonda Rhimes jogará com eles.