A escolha perfeita


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

“A escolha perfeita” deveria ser para a simpática Anna Kendrick o que “A mentira” foi para a simpática Emma Stone. Uma abordagem atualizada do filme colegial hollywoodiano com uma personagem audaz e original que rouba a cena e lança uma carreira. Mas é na verdade uma adaptação do universo “Glee” para o cinema – algo que se disfarça de subversivo e autêntico, mas que reforça e venera os mesmos clichês que pretende satirizar.

Kendrick é Beca, jovem “rebelde” que quer ser DJ e produtora musical, mas é obrigada pelo pai a fazer faculdade. Quando ele promete que se ela tentar com afinco fazer algo lá e não gostar, ele bancará seu sonho de ir para LA, Beca se inscreve no grupo feminino de coral a capela competitivo do campus. O que acontece daí é uma série de regionais e estaduais e semifinais – que só quem assiste a “Glee” entenderia – e aquilo que você já previu: com seu jeitinho alternativo, espontâneo e moderninho, Beca revoluciona a caretice do grupo e altera seu histórico de derrotas para o coral masculino de bullies cantores.

O problema é que essa revolução só acontece nos 15 minutos finais. Até lá, “A escolha perfeita” enrola e deixa seus personagens repetirem os mesmos erros, nas mesmas cenas, com os mesmos resultados. Anna Camp (True Blood) faz seu melhor como a insuportável Aubrey, líder do coral, mas a insistência de sua personagem – cujo único objetivo na vida é ganhar a tal competição blablablá – em não ver que suas regras e seu repertório musical antiquado são o exato motivo de elas sempre perderem se arrasta DEMAIS e simplesmente não faz sentido.

Ah, tem esse menino também. Ela gosta dele porque ele é legal e bonito. Fim da história.

Kay Cannon, uma das roteiristas de “30 Rock”, tenta salvar a estrutura frágil e convencional do seu roteiro com bons diálogos e um humor politicamente incorreto importado de “Meninas malvadas”. Algumas piadas são realmente muito boas, com destaque para a colega de quarto coreana e as falas claramente improvisadas de Fat Amy (a MVP Rebel Wilson, a australiana de “Missão: Madrinha de casamento”). Seu maior mérito, porém, é capturar a superficialidade do ambiente do college norte-americano – nada mais que uma extensão do segundo grau e uma prova de que as pessoas não melhoram tanto assim na faculdade.

“A escolha perfeita” é isso: uma mistura de “Glee” com “Meninas malvadas”. As repetidas menções que os personagens fazem a “O clube dos cinco” chegam a ser ridículas, já que o longa do diretor Jason Moore simplesmente dá novos nomes aos estereótipos que o clássico longa de John Hughes dissecou e tornou humanos. O pior sintoma da sua convencionalidade é a abertura do ato final em que, cruelmente, o filme faz a pobre Anna Kendrick sair pedindo desculpas a Deus e ao mundo por ter uma voz e ter se irritado com exatamente as mesmas coisas que irritaram o público até ali.

Mas, em clássico estilo “Glee”, tudo se resolve em um magnífico número final (que é bom mesmo), durante o qual tudo que eu conseguia pensar é: “mas não é injusto que o número delas pode durar tipo… dez minutos a mais que os outros?”.

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