Captain Phillips (2013)
	Direção: Paul Greengrass Elenco: Tom Hanks, Catherine Keener, Barkhad Abdi, Barkhad Abdirahman

Uma tensa história real. Tom Hanks fazendo um autêntico herói americano. O estilo documental de Paul Greengrass. Não tinha como “Capitão Phillips” dar errado. E não deu. Mas faltou alguma coisa.

Em 2009 um navio cargueiro foi atacado por piratas somalis, levando seu capitão como refém. A história foi acompanhada diariamente pelos jornais, e o fato de seu final ser conhecido dificultava o suspense do filme, pedindo uma abordagem ainda mais angustiante pelo diretor. O problema é que Greengrass não consegue atingir o desespero de um “Domingo Sangrento”, e constrói mais uma aventura competente do que uma explosão de adrenalina.

Hanks traz uma atuação minimalista que vai em um crescente, explodindo em um show de emoções ao final. Seu personagem nunca deixa de ser crível, mas quando finalmente desaba “Capitão Phillips” atinge um nível superior, ancorado na performance impressionante do ator. O roteiro evita o maniqueísmo ao mostrar a “escalação” dos piratas, fazendo com que eles não sejam um simples mal vindo do nada. Mas mesmo com toda humanização, qualquer discussão mais aprofundada a respeito das escolhas e motivações dos personagens se perde em nome do suspense. Que nunca é totalmente satisfatório.

Greengrass parece tirar a mão em alguns momentos, não dando tempo suficiente para a imagem valorizar o fora de campo e criar tensão. A sequência da busca pela tripulação do navio sem energia elétrica é um bom exemplo de como o filme desperdiça os momentos de nos deixar roendo unha.  O estilo de câmera na mão já não parece suficiente para provocar emoção pela simples emulação da realidade. E apesar de tecnicamente excelente, a direção foi mais burocrática do que o diretor costuma oferecer.

“Capitão Phillips” é um bom filme, com um bom ator e uma boa trama. Se há um grande potencial desperdiçado, a atuação de Tom Hanks equilibra um pouco as coisas, e o coloca acima da média. Não vai disparar seu coração, mas é um relato honesto de uma desventura conhecida. Paul Greengrass pode não estar em seu melhor, mas ainda é um mestre em contar uma história.