Muita Calma Nessa Hora 2 (2014) | |
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Direção: Felipe Joffily Elenco: Andréia Horta, Laura Cardoso, Daniel Filho, Alexandre Nero |
“Muita Calma Nessa Hora” funcionava em certa medida porque ria junto com o seu público. Todo mundo que já fez alguma viagem em turma tinha alguma coisa para se identificar com os personagens estereotipados e situações absurdas. É uma pena que a continuação não mais ria com o público, mas ri dele.
Como é próprio das sequências, aumenta-se o escopo, aparecem pais de alguns personagens, tem festival estilo Rock in Rio e muito mais piadinhas sem graça. “Muita Calma Nessa Hora 2” flerta perigosamente com filmes juvenis de Xuxa, Trapalhões e afins, contando com um exagero de participações especiais, representações preconceituosas e soluções fáceis. Há bons momentos que funcionam pelo carisma dos atores e por já conhecermos os personagens anteriormente, mas na maioria das vezes o gosto é de piada repetida.
Desta vez as amigas vividas por Gianne Albertoni, Andréia Horta e Fernanda Souza estão envolvidas com Som do Rio, megafestival de música que acontece logo quando Pablo (Freitas) inaugura uma pousada com uma suposta herança recebida pela filha Estrella (Lamm). Mas as coisas não saem como esperado e a narrativa se divide entre os estresses com o festival e seus artistas de um lado e Pablo tentando se salvar de uma dívida com gangsteres do outro.
É tudo muito mais jogado do que no filme anterior, e a trama é só uma desculpa para se encavalarem esquetes que queriam muito ser “Porta dos Fundos”, mas estão mais para “Zorra Total”. Para provar, alguns indícios de que “Muita Calma Nessa Hora 2” está rindo de você:
– “Os Cunhados” com suas barbas e letras de música são uma boa piada com os “Los Hermanos”, mas o sertanejo universitário Renan (Mazzeo, também roteirista) não funciona, já que exagera demais no preconceito (mas o hit do cantor – com letra do Marcelo Adnet – vai grudar na sua cabeça).
– Shows do Jota Quest e do Marcelo D2? O que é isso? Filme do Didi? E logo o Chiclete com Banana, única banda real com importância narrativa, não aparece?
– E a piada com o chicleteiro já deu também. Era engraçada da primeira vez, é deslocada e sem sentido na segunda.
– Outra piada repetida: o paulistano, vômito e “meus equipamentos!”. O personagem é bom demais para ser subaproveitado assim.
– Marcelo Tas, Heloisa Périssé, Paulo Silvino, Otávio Mesquita… Pra quê?
– O núcleo familiar de Tita (Horta) parece querer dizer alguma coisa mais profunda, mas não diz nada mesmo. Nem precisava estar no filme.
– Uma referência mais sutil a “O Palhaço” e uma explicadinha sobre “O Poderoso Chefão”. Ambas desnecessárias.
– Diálogos expositivos. Muitos. Devem ser para quem estiver mexendo no celular nem precisar olhar pra tela.
– Em que realidade alternativa o público do Luan Santana é o mesmo do Marcelo Camelo?
– Final mais do que previsível. Ok, até dá pra aceitar. Pena que não faça nenhum sentido.
– Cobram ingresso para isso.