Fast movie
13.04.06
por Daniel Oliveira
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O albergue
(Hostel, EUA, 2006)
Dir.: Eli Roth
Elenco: Jay Hernandez, Derek Richardson, Eythor Gudjonsson, Barbara Nedeljakova, Jan Vlasák
Princípio Ativo: drogas, sexo e violência (nessa ordem)
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Três jovens viajam pela Europa em busca de drogas e sexo (nessa ordem). Em uma pequena cidade da Eslováquia, eles vão parar em um albergue, onde são vÃtimas de estranhas práticas de tortura. É raro, muito raro mesmo, um filme que possa ser resumido em um desses tijolinhos de jornal.
“O albergue†pode. O longa é basicamente a sinopse acima. Seu enredo é assumidamente superficial e suas imagens não querem dizer nada. Não confunda: não estou dizendo de “mensagem†ou “moral da históriaâ€. “O plano perfeitoâ€, sobre a Nova York pós-11 de setembro; ou “V de vingançaâ€, que mais que um longa de ação, é um convite à participação polÃtica, são bons exemplos do que quero dizer.
Já o conteúdo de “O albergue†é puro fetichismo – das seqüências (chochas) de sexo no inÃcio do filme à s torturas (impressionantes) na segunda metade; ou se você preferir, das loiras peitudas aos esguichos de sangue. Ele serve simplesmente como catarse das fantasias adolescentes de “se dar bem viajando de mochila pela Europa†ou como resposta à nossa curiosidade mórbida por cenas de dedos e olhos sendo arrancados, braços e pernas sendo serrados e vÃtimas vomitando de medo. Admita: você nunca vai querer ver isso acontecendo de verdade, mas no cinema, a descarga de adrenalina gerada faz até bem.
O problema é que, se o roteiro disso tudo é até bem amarrado, ele não pode fugir da responsabilidade pelos estereótipos que endossa. Paxton e Josh são dois norte-americanos estúpidos, que enxergam a Europa como uma ilha de sexo e drogas lÃcitas em cada esquina – e no filme de Eli Roth, é o que ela realmente parece. O companheiro europeu dos dois, Oli, um islandês, não por acaso é o mais bobo e chato dos três – e o primeiro a se dar mal.
Grande parte dos perigos encarados pelos três se dão em função desses clichês. Se eles podem irritar aos mais â€velhosâ€, devem agradar aos adolescentes, principal platéia do filme, já que os interesses e preconceitos de Paxton, Josh e Oli não são muito diferentes da galerinha de 15 anos – apesar dos personagens aparentarem bem mais de 20.
Se algo de interessante fica para pensar após o filme é o fato dele se passar na Europa. É só do outro lado do Atlântico que os norte-americanos conseguem imaginar que possam existir orgias, jovens usando drogas, tiozinhos com mentes pervertidas e cenas de violência pouco vistas nos filmes de terror atuais. Eu não pude deixar de pensar que alguém precisa urgentemente salvar os EUA do puritanismo da Era Bush.
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Quem quer sentar no troninho?
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