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Filmes de exorcismo se tornaram tão comuns que o tema até se transformou em uma espécie de subgênero dentro do filme de terror. Dessa forma, o que “O Ritual” teria de diferente para acrescentar? Não muita coisa…
O filme começa interessante, com um clima sombrio construído com cuidado pelo diretor Mikael Håfström. A história acompanha Michael Kovak (o estreante Colin O’Donoghue), um cético seminarista que é enviado para uma escola de exorcismo no Vaticano. Ele acaba ganhando a companhia de Angeline (uma nada sutil referência em um filme que trata de demônios…), jornalista interpretada por Alice Braga e que pretende desvendar a verdade por traz do ritual de exorcismo. O ceticismo do rapaz vai ser o ponto de partida para uma discussão entre fé e razão: a “possessão demoníaca” seria obra do diabo ou um problema psiquiátrico?
É aí que entra o padre Lucas. Apesar de estampar os cartazes e toda a parte promocional do filme, Anthony Hopkins não é o protagonista, aparecendo somente lá pela metade do filme. Mas não há dúvidas de que “O Ritual” cresce muito com a sua presença. Seu padre Lucas é sarcástico, ambíguo e tem as melhores falas do filme. O ator parece se divertir muito em cena, e acaba apelando para o overacting na parte final da projeção, apostando em uma quase caricatura de seu Hannibal Lecter.
Inspirado em acontecimentos reais envolvendo o padre americano Gary Thomas (e que deu origem ao livro “The Rite: The Making of a Modern Exorcist”), “O Ritual” confia na fotografia de contrastes e na trilha de Alex Heffes para construir o suspense da história. Algumas cenas conseguem mesmo assustar, e há uma tensão presente o tempo inteiro no ar.
Pena que o filme esquece o realismo que vinha propondo até então e descamba para os clichês fantasiosos do gênero em seu ato final. Personagens somem (os padres Matthew e Xavier) e outros não possuem função na história, protagonizando arcos dramáticos desnecessários (o pai interpretado por Rutger Hauer).
“O Ritual” é um típico filme de exorcismo. Não traz nada de novo ao tema, mas também não vai desagradar os fãs do gênero. Por vezes parece uma peça publicitária da Igreja Católica, mas o padre Lucas de Anthony Hopkins garante a diversão. Pensando bem, ele devia mesmo ter sido o protagonista do filme…