O Ritual


Nossa avaliação

[xrr rating=2/5]

Filmes de exorcismo se tornaram tão comuns que o tema até se transformou em uma espécie de subgênero dentro do filme de terror. Dessa forma, o que “O Ritual” teria de diferente para acrescentar? Não muita coisa…

O filme começa interessante, com um clima sombrio construído com cuidado pelo diretor Mikael Håfström. A história acompanha Michael Kovak (o estreante Colin O’Donoghue), um cético seminarista que é enviado para uma escola de exorcismo no Vaticano. Ele acaba ganhando a companhia de Angeline (uma nada sutil referência em um filme que trata de demônios…), jornalista interpretada por Alice Braga e que pretende desvendar a verdade por traz do ritual de exorcismo. O ceticismo do rapaz vai ser o ponto de partida para uma discussão entre fé e razão: a “possessão demoníaca” seria obra do diabo ou um problema psiquiátrico?

É aí que entra o padre Lucas. Apesar de estampar os cartazes e toda a parte promocional do filme, Anthony Hopkins não é o protagonista, aparecendo somente lá pela metade do filme. Mas não há dúvidas de que “O Ritual” cresce muito com a sua presença. Seu padre Lucas é sarcástico, ambíguo e tem as melhores falas do filme. O ator parece se divertir muito em cena, e acaba apelando para o overacting na parte final da projeção, apostando em uma quase caricatura de seu Hannibal Lecter.

"Pô, seu Anthony... Precisava roubar todas as cenas do meu filme?"

Inspirado em acontecimentos reais envolvendo o padre americano Gary Thomas (e que deu origem ao livro “The Rite: The Making of a Modern Exorcist”), “O Ritual” confia na fotografia de contrastes e na trilha de Alex Heffes para construir o suspense da história. Algumas cenas conseguem mesmo assustar, e há uma tensão presente o tempo inteiro no ar.

Pena que o filme esquece o realismo que vinha propondo até então e descamba para os clichês fantasiosos do gênero em seu ato final. Personagens somem (os padres Matthew e Xavier) e outros não possuem função na história, protagonizando arcos dramáticos desnecessários (o pai interpretado por Rutger Hauer).

“O Ritual” é um típico filme de exorcismo. Não traz nada de novo ao tema, mas também não vai desagradar os fãs do gênero. Por vezes parece uma peça publicitária da Igreja Católica, mas o padre Lucas de Anthony Hopkins garante a diversão. Pensando bem, ele devia mesmo ter sido o protagonista do filme…


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