VIPs


Nossa avaliação

[xrr rating=2.5/5]

Na saída da sessão de “VIPs” para a imprensa em BH, o grande Renato Silveira do Cinematório diagnosticou (e sintetizou) o protagonista perfeitamente em quatro palavras: “síndrome do pai ausente”. Peço licença a ele para parafrasear a expressão e acrescentar meu diagnóstico do filme: “síndrome do diretor ausente”.

O longa conta a história de Marcelo (Moura) que – seja mentiroso, bandido ou sociopata – é acima de tudo um grande contador de histórias. Qualidade não compartilhada pelo diretor Toniko Melo. A jornada real e sem limites morais do protagonista na tentativa de se tornar piloto de avião como o pai poderia render um filme divertido e original dentro da cinematografia brasileira, mas acaba arrastado e banal. Principalmente quando comparado ao extremamente similar “Prenda-me se for capaz”.

Ao contrário de um dos melhores longas da carreira de Steven Spielberg, “VIPs” confunde sua tentativa (nobre) de não simplificar e/ou julgar seu protagonista – que se reinventa e cria novas personalidades de acordo com a necessidade – com falta de foco. Sem se decidir por uma abordagem de Marcelo como alguém com uma bússola moral quebrada ou um sujeito simplesmente doente, o filme não consegue encenar os golpes dele de forma efetiva, dando a eles a comicidade ou dramaticidade que possibilitam.

Para enganar ricaços estúpidos, use um abadá e SORRIA. Ou: essa a galera vai curtir no Face.

Uma das principais falhas de Toniko Melo é ensaiar um Beto Brant literalmente paraguaio com um período pouco interessante da vida de Marcelo, quando ele trabalhou para o tráfico de drogas na fronteira brasileira. Isso atrasa consideravelmente a parte realmente divertida da história que, ao chegar, parece um outro filme dentro do filme, seguida repentinamente por um desfecho que dá a impressão de que os realizadores não sabiam como encerrar a história. E que, por um motivo bastante claro, te tira totalmente de dentro do longa.

Acrescente aí uma trilha que precisava dar ritmo e potencializar as narrativas do protagonista, mas simplesmente sublinha a história sem muita personalidade. Assim como a montagem com flashbacks pouco inspirados e a fotografia que parece se limitar a ficar maravilhada com os planos aéreos.

No meio disso tudo, Wagner Moura é um ator à espera de direção. Ele tenta fazer a Kate “Clementine” Winslet com cortes e cabelos diferentes para cada nova personalidade do personagem, só que sem um universo convincente para dar suporte à sua performance, o filme se alicerça quase que exclusivamente em seu carisma. E ele acaba pagando por defeitos que não são seus. É, Moura, nem todos temos um Spielberg para chamar de nosso.


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