Divergent (2014) | |
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Direção: Neil Burger Elenco: Shailene Woodley, Theo James, Ashley Judd, Jai Courtney |
Depois de ver “Divergente”, torna-se quase impossível resistir à brincadeira de dividir as pessoas conhecidas em facções: Abnegação, Audácia, Amizade, Sinceridade, Erudição. E isso é uma prova de que, apesar dos problemas, o filme diz algo a seu público. O mérito maior, é claro, deve ser da autora do livro, Veronica Roth, mas tornar isso narrativamente empolgante na tela do cinema faz parte do trabalho do diretor Neil Burger.
Por empolgante entenda-se mais interessante do que “Crepúsculo” e menos espetacular do que “Jogos Vorazes”. “Divergente” é nível “O Jogo do Exterminador”, e ter estes três filmes citados agora é só uma prova de que a produção está longe de ser original, cumprindo o passo a passo das regras do mercado cinematográfico para adolescentes. A história é uma bem sacada metáfora sobre amadurecimento, focando um momento de decisão que em nada deve às escolhas que devemos fazer sobre o curso superior. “Divergente” é, em resumo, uma aventura sobre que curso escolher no vestibular.
Ao completar 16 anos, Beatrice, assim como outros de sua idade, deve fazer uma escolha sobre qual das facções deverá pertencer. Trata-se de um futuro distópico em que a sociedade se organizou dividindo-se desta forma e os Abnegados, grupo ao qual pertence a família da garota, são os responsáveis pelo governo. Em uma espécie de teste vocacional, Beatrice descobre que, diferente dos outros, pode pertencer a todas as facções, e acaba saindo do grupo dos pais para se envolver em uma disputa política que pode levar a uma revolução.
Nada de novo, com direito a treinamentos exaustivos, treinadores masoquistas, arquétipos rasos, reviravoltas sem muito aprofundamento e, claro, romance. Shailene Woodley é carismática o suficiente para segurar a produção, e é impressionante como o filme cai a partir da segunda metade, quando o foco deixa de ser sua Beatrice para engatar uma trama conspiratória genérica. As cenas de ação também não são das melhores, mas “Divergente” tem ideias que grudam tal qual refrão de música-chiclete, o que no mínimo garante a curiosidade para ver as duas continuações que vêm por aí. No final das contas, é mais um superprodução barulhenta e melodramática, mas que acerta ao construir muito bem o seu coração: uma menina que tentar encontrar a si própria, mesmo que isso signifique decepcionar as pessoas à sua volta. Algo com o qual todo adolescente deve se identificar.