Harry Potter e As Relíquias da Morte – parte 2


Nossa avaliação

[xrr rating=4/5]

Acabou. Depois de dez anos, é estranho pensar que não haverá mais outro filme de Harry Potter. Para se ter uma ideia, a primeira vez em que vi um trailer de “O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel”, foi na estréia de “Harry Potter e A Pedra Filosofal”. Sim, Harry já estava nos cinemas antes de Frodo, antes do Homem-Aranha, antes de Jack Sparrow. E agora acabou.

“Harry Potter e as Relíquias da Morte – parte 2” é um final digno para a saga do ex-bruxinho nos cinemas. O filme tem o mesmo problema do anterior: a sensação de que está faltando algo. E está mesmo. Afinal, trata-se de um mesmo livro que foi dividido em duas partes, e aquilo que não tinha fim na parte 1, não tem início na parte 2. A sensação é de ter entrado no cinema no meio da sessão, e se você não tiver os outros filmes bem claros na memória, vai ficar um pouco perdido.

Por este motivo, HP 7.2 demora a engrenar. Começando de onde parou o 7.1, o filme não tem tempo a perder e vai logo apresentando personagens e situações de forma meio apressada, fazendo com que você gaste boa parte do tempo apenas tentando se situar, o que prejudica o envolvimento com a história. Até que chega a invasão a Gringottes, o banco administrado pelos duendes.

Neste momento, “As Relíquias da Morte – parte 2” realmente começa, com a direção equilibrada de David Yates, a já tradicional deslumbrante direção de arte e os atores mais a vontade do que nunca. Toda a sequência no banco é muito bem decupada, medindo tensão, humor e ação com cuidado. O filme vai caminhando de forma irregular na jornada de Harry para destruir as horcrux e finalmente derrotar Voldemort, alternando momentos fantásticos com outros que funcionavam melhor nas páginas do livro.

O riquíssimo universo concebido por J. K. Rowling é amplo demais e a adaptação sofre mais uma vez com isso. Personagens aparecem e desaparecem sem maiores explicações (alguns parecem ser colocados apenas para agradar aos fãs), enquanto outros preparados para ter um papel fundamental são em seguida descartados. O clímax peca por ser fiel demais ao livro, entregando uma resolução que é menos espetacular do que a imaginação de cada leitor pode ter criado.

Talvez em uma sessão dupla com a parte 1, HP 7.2 funcione melhor. Apesar do desenvolvimento corrido, há ótimas sequências de ação, uma bela “retrospectiva” da série nas memórias de Snape (Rickman, perfeito como sempre) e a melhor atuação de Daniel Radcliffe até agora. A batalha entre os bruxos é tudo que os fãs esperaram e o clima de despedida está presente a todo o momento.

A violência, antes evitada nas primeiras aventuras ingênuas do bruxo, agora preenche a tela sem medo, seja no sangue derramado no chão ou nos corpos espalhados por todo o canto. Assim como no livro, a morte é o tema central desta parte final, a nossa luta contra o inevitável e a aceitação de que tudo chega ao fim. É o ciclo da vida, em que o atual dá lugar ao novo: uma geração deixando de existir para ser substituída por outra em uma constante evolução.

“As Relíquias da Morte – parte 2” é sem dúvida o filme mais épico da saga. Tudo é grandioso, bonito e emocionante. Mas Yates tem o cuidado de, no meio de toda pirotecnia e cenários fantásticos, não perder o foco naquilo que fez tanto o sucesso dos livros de Rowling. É na relação entre Harry, Rony, Hermione,Neville, Draco, Dumbledore, Snape e tantos outros que reside a verdadeira magia de “Harry Potter”. Os filmes podem ter chegado ao fim, mas estes personagens continuarão a existir. Para os fãs, entretanto, o vazio deixa uma cicatriz.

No formato de um raio.


4 respostas para “Harry Potter e As Relíquias da Morte – parte 2”

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