Enough Said (2013) | |
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Direção: Nicole Holofcener Elenco: Julia Louis-Dreyfus, Lennie Loftin, Jessica St. Clair, Christopher Nicholas Smith |
Dois quarentões não muito bonitos, cheios de imperfeições, em uma história que discute sentimentos e os percalços da vida adulta de forma ao mesmo tempo divertida e sóbria. Infelizmente, essa descrição se tornou sinônimo de série televisiva nos últimos tempos e é por isso que “À procura do amor”, apesar de seus problemas narrativos, é uma quase novidade muito bem vinda e refrescante nas salas de cinema.
De quebra, o filme da diretora e roteirista Nicole Holofcener traz um sopro de vida à comédia romântica, gênero ameaçado de extinção, com uma sugestão inofensivamente subversiva: que tal contar histórias e sentimentos de pessoas reais, em vez de seres cujos corpos parecem saídos de um workshop do Photoshop 23?
Na trama, Eva (Louis-Dreyfus) é uma massagista divorciada que começa a sair com o também divorciado Albert (Gandolfini). Ela descobre que uma de suas clientes, Marianne (Keener), é a ex-esposa do namorado e fica dividida entre deixar-se apaixonar por ele ou ouvir os vários sinais vermelhos das lembranças amargas do finado casal.
Sem fazer muito uso de trilha musical, enquadramentos ou montagens mirabolantes, Holofcener se apoia quase exclusivamente em seu elenco para realizar uma crônica dos desafios de se apaixonar aos 40. O imbróglio vivido por Eva, que não revela sua descoberta a Albert e Marianne, nada mais é que uma desculpa para discutir como é difícil apostar novamente em um relacionamento após conhecer as complicações de conviver com outra pessoa a longo prazo e a dor de dar fim a um casamento.
Depois de construir uma carreira na TV com personagens moralmente descompensadas e hilárias, Julia Louis-Dreyfus não pede em nenhum momento que o espectador goste de Eva ou concorde com suas decisões equivocadas. Mas a atriz encara os erros e as imperfeições da personagem sem querer fazer deles uma piada nem justificá-los, o que faz dela altamente humana e empática.
Já o saudoso James Gandolfini faz de sua última performance um atestado de sua versatilidade ao trazer fragilidade e uma honestidade emocional a Albert. O peso e os defeitos dele são discutidos durante o filme inteiro e, ainda assim, o ator o torna o ser mais simpático na tela. As cenas entre ele e Louis-Dreyfus são uma aula, em que os dois fazem atuar parecer um ofício fácil e natural.
“À procura do amor” escorrega em suas tramas paralelas, como a relação entre Sarah (Collette), amiga de Eva, e sua empregada. Sem dizer a que veio, ela soa levemente racista e, mesmo quando faz uma curva à esquerda para evitar essa crítica, lembra como esse é um filme sobre a classe média privilegiada de Los Angeles.
Já a história das filhas de Eva e Albert indo para a faculdade adiciona contexto ao momento de vida dos protagonistas, mas ganha tempo demais em cena, especialmente a relação de Eva com a amiga da filha. São falhas de ritmo que lembram as várias tramas de uma série televisiva. Mas ser televisivo, no caso de “À procura do amor”, é mais um elogio que uma crítica.
Uma resposta para “À Procura do amor”
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