Enterrado vivo


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

Você veria um filme passado inteiramente dentro do caixão onde um cara foi enterrado vivo?

a) Sim! Deve ser legal.
b) Sim, se a história for muito boa.
c) Qual é a duração?
d) Uhn, não sei…
e) NUNCA. Tá louco?

Se você escolheu a), deve ser daqueles que gostam do “cinema como experiência sensorial” (com possibilidade de ser do tipo que pula de bungee e desce corredeiras) e é o público ideal de “Enterrado vivo”. Se respondeu b) ou c), talvez seja o caso de conferir o filme em DVD. No caso de d), as chances são bem grandes de que não vai curtir o longa do diretor Rodrigo Cortés. Agora, se é um e), passe longe (e procure um médico porque provavelmente você é claustrofóbico).

“Enterrado vivo” é um feito de realização cinematográfica, ainda que não um grande filme. O que o diretor de fotografia Eduard Grau (Direito de amar) e Cortés, que também editou o longa, atingem visualmente, confinados em um espaço fílmico tão pequeno, é notável. E merece ser estudado em escolas de cinema anos a fio por sustentar 1h30 de projeção, encontrando ângulos e movimentos de câmera onde parece impossível – e mais que isso: usando esses “truques” em função da relação que o cineasta quer estabelecer entre o espectador e o protagonista Paul Conroy (Reynolds) em um dado momento.

O isqueiro é tipo o Wilson dele. Ou não. Na verdade, se fosse, o filme seria bem mais legal.

O problema é que essa excelência técnica não é igualada por uma narrativa envolvente e um personagem realmente interessante. O roteiro de Chris Sparling é uma sequência de episódios no melhor estilo “a soma de todos os medos” (alguns mais verossímeis, outros menos) amarrados por um contexto político – Conroy trabalhava como caminhoneiro no Iraque quando foi sequestrado. E por não poder sair daquela caixa (a ideia se torna realmente uma prisão), “Enterrado vivo” acaba fazendo um discurso que soa como mera topicalização. Sem como ganhar profundidade, ele fica unilateral e didático demais – como se um cineasta nacional fizesse um filme para explicar o que é “saidinha de banco”.

No fim, o espectador sofre por Paul simplesmente pela situação em que ele se encontra – e não pela “pessoa” que ele é. A relação com a esposa ou o filho, por exemplo, sempre fica no meio do caminho, em parte devido às limitações de Ryan Reynolds como ator. Resta a Cortés apelar para a trilha, aumentando os tambores sempre que quer emocionar o público.

Isso determina o prognóstico do filme, que satisfaz como experiência técnica, mas não como narrativa. E mesmo a imersão realista ou a “soma de todos os medos” já foram melhor realizados em “[REC]” e “Abismo do medo”, respectivamente – porque associados a uma história eficiente.

Agora, uma coisa que não me saía da cabeça durante todo o filme: se Paul tivesse sido treinado por Pai-Mei


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