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Zack Snyder só tinha trabalhado até então com idéias dos outros. “Madrugada dos Mortos”, “300”, “Watchmen”, “A Lenda dos Guardiões” são todos adaptações da obra de terceiros, o que sempre deixou no ar a questão: por que o diretor não aposta em uma idéia original sua? A resposta é dada em “Sucker Punch”: porque Snyder não tem boas idéias.
O filme é um amontoado de todas as referências pop que o diretor conseguiu lembrar misturadas com o fetichismo nerd. Snyder reveste sua história sem sentido com todo o aparato visual disponível, e não há como negar que sobra estilo. Mas faltam emoção e senso narrativo.
Baby Doll (Browning) vai parar em um hospício após matar a irmã sem querer, tentando se defender do violento padastro após a morte da mãe. Snyder sempre teve uma predileção pelo sombrio, mas aqui ele não consegue equilibrar bem a sua história. A garota vai buscar uma forma de fuga (do hospício e da realidade) ao criar um mundo de imaginação em que ela e as amigas são personagens praticamente invencíveis.
Os mundos criados por Baby Doll são uma desculpa para o diretor mostrar garotas com roupa de colegial, sabre de samurai, muitas armas e calça de couro. A mise-en-scène não possui nenhuma função narrativa, assim como os mundos fantasiosos pouco têm a ver com a sua contraparte da realidade (o que nos coloca em dúvida sobre de onde a personagem tira suas idéias). Japão feudal, RPG, literatura fantástica, quadrinhos, guerra, videogame e animação: nenhuma das referências possui uma justificativa dentro da história, e Snyder as utiliza de forma descontrolada,sem se preocupar com que façam sentido dentro do que está contando.
As missões das personagens também não criam torcida ou emoção, já que sabemos que é tudo imaginação, e pouco importa se aquilo vai dar certo ou não. A interpretação dos atores acompanha a direção insossa e todos se tornam caricaturas, objetos para serem também fetichizados pelo diretor. Ele não tem medo de transformar tudo em algo revestido de plasticidade e esvaziado de sentido, e abusa da trilha sonora, transformando cada cena em um videoclipe surreal.
O final promete uma reviravolta que nunca se cumpre, e termina com uma mensagem final ridícula. Snyder prova ser um ótimo artesão de imagens e um péssimo criador de histórias. “Sucker Punch” conseguiu a proeza de ser um filme do diretor em que o excesso de câmera lenta é o menor dos problemas.
5 respostas para “Sucker Punch – Mundo Surreal”
Ótimo texto. Ainda tenho amor por Jena Malone e Abbie Cornish.
Baixei o filme em casa e pulei as partes das lutas. Cansou muito!
Nossa, Lívia, boa ideia. Podia TANTO ter essa opção no cinema…
Pessímo filme. Cansativo e repetitivo. Até nas cenas de ação são chatas. Parece ter sido escrito por uma criança de 10 anos de idade viciada em video gamer.
[…] passamos por uma crise parecida com a dos anos 30? Sob a batuta de Christopher Nolan, o diretor Zack Snyder aparece muito mais contido do que de costume, apostando no realismo para contar, mais uma vez (e […]