Sherlock Homes – O Jogo de Sombras


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

“Cabe-me, pois, revelar pela primeira vez o que realmente se passou entre o professor Moriarty e Sherlock Holmes. O leitor deve lembrar-se de que, logo após meu casamento e minha conseqüente estréia na clínica particular, as íntimas relações que havia entre mim e Holmes se modificaram muito. Ele me procurava apenas de tempos em tempos, quando queria minha companhia em suas investigações”. Assim o fiel Dr. Watson inicia a narrativa de “O Problema Final”, conto escrito por Arthur Conan Doyle que apresenta o professor Moriarty (e no qual foi levemente inspirado “Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras”, nova incursão cinematográfica da tentativa de modernização do personagem promovida por Guy Ritchie).

O trecho citado também é revelador da relação entre os clássicos personagens e suas contrapartes no filme: depois de “Velozes e Furiosos”, “Sherlock Holmes” é a franquia de cinema que melhor utiliza a atração entre dois homens para fazer a história andar. A tensão quase sexual que existe entre Holmes e Watson adquire em “Jogo de Sombras” algumas conotações que vão além do simples ciúme entre personagens, como o charuto que muda da boca de um para a boca do outro ou quando aparecem deitados lado a lado.

Ritchie aproveita esta atração entre os dois para estabelecer a dinâmica da história através de um triângulo amoroso: são rapidamente descartados os dois interesses amorosos femininos de cada um e entra em cena o brilhante Moriarty, uma espécie de Sherlock Holmes do mal.

A trama acompanha o personagem-título investigando uma série de atentados ocorridos na Europa e que na verdade fazem parte de um elaborado plano conduzido por Moriarty. Holmes finalmente encontra alguém à sua altura e parte com Watson para tentar desvendar o mistério.

Quem é o peixe e quem é o pescador?

A história em si não importa muito, assim como as explosões, os ciganos e as belas paisagens. O foco aqui é a atração que Holmes sente por Moriarty ao mesmo tempo em que ama Watson. Os três conduzem um filme que é basicamente a mesma coisa que o primeiro, contando dessa vez com a presença de um vilão que torna tudo um pouco mais interessante.

A câmera de Ritchie continua frenética e muitas vezes seus cortes bruscos e exibicionismo estético mais comprometem do que auxiliam na compreensão do que se vê em cena. O tiroteio no bosque é exemplar: plasticamente maravilhosa, a sequência acaba por cansar pela insistência do diretor que, provavelmente maravilhado com sua própria técnica, acaba se alongando além do necessário.

Robert Downey Jr. e Jude Law continuam ótimos em seus papéis e Jared Harris rouba a cena como Moriarty, enquanto Stephen Fry faz um divertido Mycroft Holmes (irmão do Sherlock). Mas é um filme que carece de uma empolgação juvenil, de algo que o faça ir do “ah, legal” para o “uau”. Está tudo lá: grandes cenas de ação, muito bom humor, boas interpretações. Mas Ritchie trata tudo como um mero exercício estilístico. A série parece estar no caminho certo, mas ainda falta um pouco mais de coração. Exatamente o que a relação entre Holmes e Watson tem de sobra.


Uma resposta para “Sherlock Homes – O Jogo de Sombras”

  1. No primeiro filme eu já tinha notado essa atração entre os dois, mas achava que a maldade estava nos meus olhos… Interessante.

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