Amor e outras drogas


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

“All the clever things I should say to you, they’ve got stuck somewhere, stuck between me and you. Oh, I’m nervous, I don’t know what to do…”

“Amor e outras drogas” quer parecer uma comédia romântica super moderninha e descolada, mas no fundo é um grande mais do mesmo. É o velho “menino encontra menina, fica, separa, se arrepende…” de sempre. Gyllenhaal é o representante da Pfizer e mulherengo de plantão Jamie. Perdido e sem objetivo na vida, ele se apaixona pela despachada e bem resolvida Maggie (Hathaway). O porém da história é que ela sofre de mal de Parkinson precoce e é a doença que fará com que ele cresça e se torne um rapaz decente.

Apesar de baseado no livro autobiográfico de Jamie Reidy, que não tinha a trama romântica, o filme dispensa a oportunidade de fazer qualquer comentário social mais contundente sobre o universo da indústria farmacêutica. O início do longa tem algumas cenas mais ácidas, mas a ascensão do protagonista é mostrada sem um olhar mais crítico pela direção de Edward Zwick. Mesmo o mecanismo impulsor da carreira de Jamie – o advento do Viagra – é mal aproveitado, com uma montagem banal substituindo o que poderia ser um verdadeiro retrato da revolução trazida pelo medicamento.

O problema é claro: falta um Jason Reitman na direção, alguém capaz de enxergar algo a se dizer com o filme.

“What the hell did I do this for? You’re just another guy. Ok, you’re kinda sexy. But you’re not really special”

Zwick se limita a interfonar uma direção televisiva, com um visual e uma edição tão competentes quanto inexpressivos. Ele tenta apoiar “O amor e outras drogas” no tripé humor-sexo-drama médico que fez de “Grey’s anatomy” um sucesso, mas não tem capacidade de fazer o terceiro elemento funcionar. Mesmo no campo cômico, ele apela para a piada óbvia da paudurescência incontida, que a própria série de Shonda Rhimes já fez umas três vezes.

Não precisa me olhar com essa cara, Jake. Eu sei que é o Heath.

Sua sorte é que a química entre os protagonistas funciona e os atores imprimem ritmo e safadeza a seus diálogos. Isso é fundamental, já que o elenco coadjuvante é mal desenvolvido e desperdiçado. A única exceção é o sempre confiável Oliver Platt e ainda assim ele some no meio do filme.

“I won’t mind if you take me home, c’mon take me home. I won’t mind if you take your fully cloth, c’mon take’em off”

Mas por mais que Gyllenhaal e Hathaway tornem os personagens simpáticos, o público nunca realmente se envolve ou teme pela trama da doença. E quando ela toma conta do filme no ato final, ele se torna insuportavelmente chato. Resta ao espectador lembrar o humor cretino e a quantidade absurda de cenas de sexo (com os dois protagonistas em trajes mínimos) do primeiro terço do filme e declamar o que já dizia a grande filósofa Ida Maria: “I like you so much better when you’re naked”.


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