Rango


Nossa avaliação

[xrr rating=4.5/5]

Sergio Leone, Clint Eastwood, John Ford, “Chinatown”, Hunter S. Thompson, “Apocalipse Now”. Pelas referências citadas, “Rango” não é uma animação infantil convencional. Na verdade, trata-se de um filme para toda a família, mas que vai agradar muito mais aos adultos. “Rango” é um western.

Assim como nos melhores representantes do gênero spaghetti, o primeiro longa de animação da Industrial Light and Magic possui um constante clima de estranhamento, com personagens feios e esquisitos. Cortesia de Gore Verbinski, uma espécie de Tim Burton mais pop e acessível. Não por acaso, Verbinski vem criando uma parceria com Johnny Depp, colaborador assíduo de Burton e apaixonado por personagens estranhos.

E Rango é um prato cheio para o ator. O camaleão verde (e sem nome) nos é apresentado em um interessante monólogo, revelando várias de suas referências pop e o gosto pela atuação. Até que um acidente o arranca de seu aquário (na parte traseira de um carro) e o joga no meio de um deserto. Lá ele encontrará a cidade Poeira, habitada por todo o tipo de animais daquele ambiente e que sofre com a seca que tornou a água o item mais valorizado do lugar.

A cor verde de Rango (aliada a uma chamativa camisa vermelha) se destaca com facilidade na paleta sépia que domina praticamente todo o filme. A ironia está no camaleão que não consegue se camuflar, a não ser… atuando. A forma como ele vai se integrar à comunidade de Poeira é criando um personagem para si próprio (chamado… Rango!).

À primeira vista, Verbinski parece revisitar o universo de “A Mexicana”, mas o diretor vai além. As referências citadas no início do texto não são simplesmente jogadas na história, mas utilizadas para a aventura andar, e muitas servem de ingrediente para a “composição do personagem” criado pelo camaleão.

As imagens belíssimas (do fotógrafo Roger Deakins) são recheadas por diálogos inteligentes, personagens cativantes, muito humor e cenas de ação empolgantes. A trilha de Hans Zimmer é um show a parte, assim como o grupo de corujas cantoras que narram o filme. Escrito por John Logan, “Rango” dosa tudo na medida certa para contar uma história que aproveita os grandes temas do western (o forasteiro, a jornada de busca, a chegada da industrialização) e os atualiza de uma forma original e divertida.

Alguns personagens (como o bando que aterroriza a cidade a mando do prefeito) aparecem com destaque para em seguida serem esquecidos sem muita explicação. Mas são alguns detalhes que estão longe de comprometer o resultado final. Não se deixe enganar pela estranheza inicial: “Rango” é um dos melhores filmes do ano. Quem esperava por essa, hein?


6 respostas para “Rango”

  1. Deve ser o protagonista mais feio de uma animação
    Mas não por isso menos simpático, como exige a função
    Um camaleão metido a artista, que não sabe quem é
    Tal qual sua espécie, define: “posso ser quem eu quiser”

    Se depara no meio do nada, “Poeira” é nome sugestivo
    Com conversa fiada vira herói: “matei sete com um tiro”
    Daí parte o enredo, com sede, cheio de confusão
    Divide as atenções com uma caipira, seu par: Feijão

    A água é como petróleo: quem a possui tem poder
    Talvez complexo para um menor de 10 anos entender
    Algumas oscilações entre bom e regular: perdoáveis
    Cenas de ação e perseguição impecáveis, impagáveis

    No original, a voz de Johnny Depp é sem dúvida atração
    É ele quem dubla o principal personagem, o camaleão
    Não por acaso, nos Estados Unidos, é líder de bilheteria
    Em um fim de semana arrecada o dobro do que se esperaria

    Por ser infantil, claro, a lição de moral tem que existir
    Mentira tem perna curta e o herói tem que se redimir
    Adultos que gostam de animação podem ir sem problema
    Só uma sugestão: bebam água antes de entrar no cinema

    http://noticiaemverso.com
    twitter: @noticiaemverso

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