Filmes Homônimos


“Prisioners”, atualmente em cartaz nos cinemas, ganhou por aqui o título “Os Suspeitos”. Ok em um país em que “Um Bonde Chamado Desejo” vira “Uma Rua Chamada Pecado” e “21 and Over” é “Finalmente 18”. Mas “Os Suspeitos” já é o nome de outro filme bem conhecido: “The Usual Suspects”, de 1995, que deu o primeiro Oscar para Kevin Spacey e revelou o diretor Bryan Singer. A “coincidência” de filmes homônimos não é tão rara assim, e o Pílula aproveita para listar – e comparar – outras obras com títulos iguais.

Círculo de Fogo (Enemy at the Gates, 2001)
O drama de guerra com Jude Law e Joseph Fiennes foi dirigido por Jean-Jacques Annaud e ainda tem a Rachel Weisz , Ron Perlman e Bob Hoskins. É uma interessante história sobre marketing militar e político, misturado com filme de ação estilo gato e rato.

Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013)
A única coisa em comum com o xará é o Ron Perlman, ator que costuma trabalhar em diversos filmes dos dois diretores. Neste “Círculo de Fogo”, Guillermo Del Toro coloca robôs gigantes lutando contra monstros gigantes e o máximo de clichês disparados por segundo.

Homonimômetro: Complicado escolher entre obras tão distintas. Mas apesar da importância da discussão sobre o sentido da guerra e a construção da imagem de uma potência militar, ficamos com o filme do Del Toro. Por quê? Oras, porque nada supera um robô gigante cortando um monstro voador com uma espada.

O Demolidor (Demolition Man, 1993)
Sylvester Stallone, Wesley Snipes e Sandra Bullock. O que dizer de uma ficção científica que teve como o mais marcante o uso de conchas como substitutas para papel higiênico? E Snipes ainda nos dá um lampejo do que seria a atuação Nicolas Cage dos anos 2000.

Demolidor (Daredevil, 2003)
Apesar da adaptação de quadrinhos não ter o “o” no título, há muito em comum com o filme de 1993: herói insosso (Ben Affleck), vilão histriônico (Colin Farrel), mocinha sem graça (Jennifer Garner) e muita vergonha alheia.

Homonimômetro: Difícil saber qual é o menos pior. Se por um lado o tanque criogênico de “Demolition Man” é bem legal, o caixão-cama do “Daredevil” é muito engenhoso. Mas vamos ficar com o filme de 1993 porque nada ali é tão vergonhoso quanto a disputa entre Matt Murdock e Elektra no playground.

A Viagem (Brokedown Palace, 1999)
Claire Danes e Kate Beckinsale fazem uma viagem para a Tailândia que acaba se transformando em um “Expresso da Meia-Noite” com mulheres. Prisão horrível, injustiça… Aquele melodrama básico, com atrizes que estão longe de serem grandes talentos. Mas até que funciona.

A Viagem (Cloud Atlas, 2012)
Viagem aqui só se for psicodélica, já que os Wachowski e Tom Tykwer mergulham de cabeça nesta adaptação literária, mas não conseguem ir muito além do delírio visual. Grande elenco, ótimas ideias, mas… cansa. É montagem paralela demais, personagens demais, histórias demais. Diferente, curioso, e enfadonho.

Homonimômetro: O filme de 2012 é um exercício cinematográfico monumental, mas falho. Já “Brokedown Palace” faz o para-casa bem feitinho e entrega uma obra bem acabada, mas bobinha. Então vamos polemizar de uma vez e escolher “Cloud Atlas” por honra ao mérito. Pelo menos tiveram mais coragem de arriscar. Ah, e tem também aquela novela (de 1975 e 1994), mas isso é outra história…

O Corvo (The Raven, 1963)
Roger Corman dirige está deliciosa adaptação do poema de Edgar Allan Poe, estrelada por Vincent Price e Peter Lorre. Nada de terror, mas uma comédia fantasiosa digna de Sessão da Tarde, com efeitos visuais ultrapassados e charmosos.

O Corvo (The Crow, 1994)
Alex Proyas comanda a gótica adaptação de quadrinhos que ficou famosa pela morte de Brandon Lee em cena. Drama, ação, suspense: tudo muito bem equilibrado com imagens marcantes e clima de tragédia no ar.

O Corvo (The Raven, 2012)
O título original é o mesmo do filme de 1963, mas se lá era uma adaptação do poema do Poe, aqui o personagem principal é o próprio Poe. John Cusack é o escritor que investiga uma série de assassinatos inspirados em seus livros e zzzzzzzzzz… Queria ser um “Sherlock Holmes” horripilante, mas é um ótimo sonífero.

Homonimômetro: Esse é fácil. Pode-se tranquilamente ignorar o filme de 2012, e a produção de 1963 tem seu charme, mas “O Corvo” do Alex Proyas é um filmaço. Enxuto, poético, doloroso, empolgante.

Os Vingadores (The Avengers, 1998)
Baseado em uma série de tv dos anos 60, conta as aventuras de dois agentes britânicos super-mega-hiper secretos e tecnológicos  investigando… o clima! É isso aí, o clima. Ralph Fiennes, Uma Thurman e Sean Connery estrelam esta bomba sobre mudanças de temperatura e chuvas de granizo que parece um Globo Repórter com efeitos especiais.

Os Vingadores (The Avengers, 2012)
Ei, você já está cansado de saber do que se trata este aqui. O sonho dos fãs de quadrinhos realizados, Hulk esmaga, etc e tal.

Homonimômetro: É até covardia. Joss Whedon criou uma aventura que mesmo que demore um pouco a decolar, tem um clímax que, sozinho, vale por uns dez “Vingadores” de 1998.

Os Intocáveis (The Untouchables, 1987)
Eliot Ness contra Al Capone. Brian de Palma. Kevin Costner. Robert de Niro. Oscar para Sean Connery. Trilha do Ennio Morricone. Roteiro do David Mamet. Precisa de mais?

Intocáveis (Intouchables, 2011)
A dramédia francesa foi um merecido sucesso surpresa equilibrando sensibilidade e humor. Filme para se sentir bem e sair da sessão com um baita sorriso no rosto. Direção inspirada e ótimas atuações. Tipo de caso raro em que todos os elementos possuem uma química perfeita.

Homonimômetro: O “Intocáveis” sem o “Os” é muito bonito e divertido, mas vamos falar sério: escadaria da estação de trem, Malone baleado, Capone na ópera, tiroteia na fronteira canadense. Não tem nem comparação. O filme de Brian De Palma ganha disparado.

Terra de Ninguém (Badlands, 1973)
Martin Sheen e Sissy Spacek fogem pelos Estados Unidos deixando uma série de mortos pelo caminho. Terrence Malick faz um road movie tenso, sangrento e sarcástico. Uma crítica ao culto à violência e uma análise precisa de uma América sem rumo nos anos 70.

Nova York – Terra de Ninguém (The Park is Mine, 1986)
Tudo bem que só o subtítulo que é igual, mas seria um pecado não citar esta produção para a tv em que Tommy Lee Jones faz um veterano do Vietnã que surta e simplesmente toma para si o Central Park, começando uma pequena guerra no meio de Nova York. Nada faz sentido, mas diverte como uma variação do primeiro “Rambo”. E as cenas de batalha no parque até lembram um pouco do Martin Sheen escondido no bosque em “Badlands”…

Terra de Ninguém (No Man’s Land, 2001)
O filme de Danis Tanovic sobre dois soldados oponentes na guerra da Bósnia é irônico e tem grandes atuações. Um certo humor sombrio percorre toda a narrativa, e o filme consegue fazer refletir enquanto tira graça do drama.

Homonimômetro: “Badlands” é uma obra –prima. Ponto. “The Park is Mine” é uma bobagem curiosa, mas só uma bobagem. E “No Man’s Land”, apesar do humor, está longe de atingir a ironia fina e dolorosa do filme do Malick.

O Sobrevivente (The Running Man, 1987)
O ano é 2017 e Arnold Schwarzenegger é o condenado injustamente que vai parar no programa de maior sucesso da tv: um jogo de vida ou morte em que é preciso passar por vários desafios para conseguir sobreviver. Todo o cinema de ação dos anos 80 está ali, com direito ainda a crítica aos futuros reality shows e um prenúncio do que seria “Jogos Vorazes”.

O Sobrevivente (Rescue Down, 2006)
Christian Bale cai no Vietnã durante a guerra e Werner Herzog faz ele comer o pão que o diabo amassou como prisioneiro do lugar. Um filme forte, poderoso e sofrido que consegue nos fazer presos também, desesperados pela liberdade. Atinge o equilíbrio perfeito entre o desolador e o esperançoso.

Homonimômetro: Não há dúvidas de que o filme do Herzog é uma produção cinematográfica mais bem feita do que aquele estrelado por Schwarzenegger. Mas as duas produções não apenas entregam exatamente aquilo que prometem em seus diferentes gêneros, como vão além e ofertam algo mais. Empate técnico.

 

E há ainda “A Coisa”, “O Lutador”, “Possuídos”, “Sombras do Passado”, “Em Nome de Deus”, “Armadilha”, “Os Esquecidos”, “O Bom Pastor”, “Pânico na Floresta”, “Possessão”, “Fogo Contra Fogo”, “O Fantasma”, “A Proposta”, “Vivendo no Limite”, “Crash”, A Caixa”, “Valente”, “Herói”, “A Última Noite”… É, as distribuidoras brasileiras não prezam muito pela originalidade.


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