Super 8


Nossa avaliação

[xrr rating=4/5]

Na faculdade, meu trabalho final da disciplina Autores e Estilos foi sobre Steven Spielberg. A intenção era analisar três filmes do diretor em décadas distintas, buscando perceber através da linguagem e da técnica, um estilo próprio: “Tubarão” (1975), “E.T.” (1982) e “Parque dos Dinossauros” (1993) foram os escolhidos. Após assistir a “Super 8”, não tenho dúvidas. J. J. Abrams com certeza leu meu trabalho…

Brincadeiras à parte, o filme produzido por Spielberg e dirigido pelo criador de “Lost” é uma bela homenagem às aventuras infanto-juvenis produzidos pela Amblin nos anos 80. O título parece não se referir apenas ao tipo de filme usado nas câmeras por jovens (como Spielberg e Abrams) dos anos 70 quando faziam seus curtas com amigos. O oito diz também de toda uma década.

De certa forma, pode-se dizer que Abrams fez aqui o seu “Grindhouse”: assim como Rodriguez e Tarantino, o diretor abusa dos clichês como ferramenta estilística, copiando inclusive muitos dos cacoetes do Spielberg da época. Na história, um grupo de crianças de uma cidade pequena está filmando uma história de zumbis (que foi em sua maior parte escrita pelos próprios atores-mirins que aparecem no filme) quando se deparam com um espetacular acidente de trem que dá início a um mistério com uma criatura desaparecida.

A premissa é apenas uma desculpa para Abrams homenagear o cinema com o qual cresceu, da fotografia escura-esverdeada de “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” à interação entre personagens de “Os Goonies”, passando pela típica família disfuncional destas produções oitentistas. “Super 8” é uma antologia de gêneros, evoluindo do drama familiar para a história de amor, filme catástrofe, terror e suspense, aventura e por fim a ação exagerada.

No meio disso tudo, várias referências ao estilo de Spielberg, como as lanternas de “E.T.”, a criatura escondida entre as folhas (“Parque dos Dinossauros”), o funcionário do posto de gasolina sendo puxado por algo que não se vê (“Tubarão”) e o movimento de câmera que leva ao close no rosto do personagem que descobre algo importante (praticamente toda produção spielberguiana).

Mas tudo isso não significaria muita coisa se “Super 8” não cumprisse seu objetivo de divertir. E o filme faz isso muito bem. Abrams muda de gêneros com sutileza, tem boa mão para cenas de ação e conduz com tranquilidade o bom elenco mirim. Sente-se falta exatamente de um dos maiores talentos de Spielberg: a capacidade de te fazer chorar. “Super 8” não tem uma grande cena emocionante. O final, que se não fosse pelo excesso de lens-flare pareceria mesmo dirigido por Spielberg nos anos 80, quase chega lá. Apesar do visível carinho do diretor pelo projeto, sobrou técnica, mas faltou coração. O monstro que parece sobra do design de produção de “Cloverfield” também decepciona um pouco, assim como o desenvolvimento raso dos personagens adultos.

Mas são problemas menores em um filme que pretende celebrar a magia do cinema. “Super 8” não te leva apenas para uma cidadezinha dos Estados Unidos invadida por uma criatura misteriosa. Ele te transporta no tempo de volta a uma sessão de cinema dos anos 80. Ou a uma típica Sessão da Tarde da época. Já está bom demais.


2 respostas para “Super 8”

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