[xrr rating=1.5/5]
“Assalto ao Banco Central” é um filme de tentativa e erro. O ator e diretor estreante em longas Marcos Paulo tenta, tenta e tenta. Mas erra, erra e erra. No início do filme, tenta uma ambientação e apresentação de personagens que lembre “Onze Homens e um Segredo”. Depois, tenta repetir a estrutura narrativa de “O Plano Perfeito”. Entre uma coisa e outra, tenta uma confrontação ciência e técnica versus emoção e experiência através do casal de policiais que investiga o crime do título (“CSI”, alguém?). Tenta uma identificação do público com os bandidos. Tenta uma identificação do público com os policiais. Falha em tudo.
Baseado na história real do espetacular roubo do Banco Central do Brasil ocorrido em Fortaleza em 2005 (quando um grupo de ladrões fez um impressionante túnel que ligava uma casa até o cofre do banco), o filme desperdiça a ótima premissa e faz daquilo que poderia ser um thriller eletrizante uma produção chata e cansativa. Nesta versão ficcional dos fatos reais, o Barão (Cortaz) é um gênio do crime (que está sempre jogando xadrez sozinho…) que junta um grupo para organizar o maior assalto de todos os tempos. E dá-lhe tentativa e erro…
Tentativa: Criar um grupo heterogêneo de bandidos, em uma mistura para o público torcer por alguns enquanto odeia os outros. Erro: O diretor se perde com tantos personagens, nenhum deles é bem desenvolvido e o overacting do elenco como um todo torna impossível qualquer tipo de identificação.
Tentativa: Fazer um filme clássico de assalto, com planos fixos e trilha retumbante. Ou melhor, fazer um filme moderno e cool de assalto, com cortes rápidos, montagem inventiva, narrativa não-linear e trilha pop. Ou melhor, fazer um longa mais clássico mesmo, com… Erro: A indecisão entre o tipo de filme a ser feito cria um Frankenstein com todas as referências e estilos possíveis misturados sem um pingo do talento do Tarantino para fazer um milk-shake cinematográfico.
Tentativa: Colocar vários rostos conhecidos juntos e fazer um superelenco digno dos amigos do Ocean. Erro: O que são essas atuações? Vinícius de Oliveira, o que aconteceu com você? Lima Duarte teve alguma direção? Eriberto Leão… Ah, você é ruim mesmo…
Tentativa: Fazer um humor sofisticado ao mesmo tempo em que discute as transformações sexuais e religiosas pelas quais a sociedade brasileira tem passado. Erro: Preconceito. Estereótipos. A mulher como mero objeto sexual, o comunista que no fundo quer ser burguês. E existe função na história para uma personagem ser lésbica ou um evangélico ser afeminado?
Tentativa: Roteiro esperto com uma reviravolta inteligente em um final que faça o público deixar o cinema dizendo “nussa, que doido!”. Erro: Nada faz muito sentido. Daniel Filho, Cássio Gabus Mendes, o plano todo… O filme é sobre o que mesmo? Qual história afinal o diretor estava querendo contar? E o que são aquelas frases de efeito uma atrás da outra? Tentativa de quebrar algum recorde mundial?
Tentativa: Pegar o público que fez de “Tropa de Elite 2” a maior bilheteria da história do cinema nacional. Erro: Marcos Paulo não é José Padilha. Milhem Cortaz não é Wagner Moura. E Renê Belmonte não é Bráulio Mantovani.
3 respostas para “Assalto ao Banco Central”
Gente… e essa foto imitando A Última Ceia??? QUEM ACHOU QUE ISSO ERA LEGAL???
No Brasil esta fotografia FAZ SENTIDO. Vivemos os CONTRA-VALORES. No Brasil a Santa Ceia seria exatamente assim: o pão espiritual=dinheiro, todos os apóstolos=bandidos, Jesus=chefão do crime.É isto, perfeito, não é o que desejamos, não é o que deveria ser, mas É isto!!!! Esta cena não está no filme e este não é ruim conforme decrito acima. É interessante, conta uma história e debocha deste país ridículo.
Eu fui com meus filhos e todos gostamos do filme. Nao é uma superproducao, mas é melhor que muito filme estadunidense que vimos no cinema recente.