Megamente


Nossa avaliação

[xrr rating=2.5/5]

Durante o auge das animações clássicas da Disney em meados do século passado, a alternativa à magia e emoção inocentes dos filmes do estúdio era a acidez subversiva e politicamente incorreta (um conceito um tanto anacrônico) dos cartoons da Looney Tunes. Hoje, em teoria, a resposta à dominação técnica e artística da Pixar seriam as comédias escrachadas da DreamWorks. O problema é que os desenhos de John Lasseter & cia. aliam o coração da Disney à subversão de gêneros do Pernalonga. O que sobra para a concorrência?

Abraçar o politicamente incorreto hoje é quase impossível em produtos voltados prioritariamente para crianças – só foi realizado com sucesso nos dois primeiros Shrek. O resultado é uma comparação que parece quase injusta e deixa até animações razoáveis da DreamWorks com um gosto amargo de mediocridade.

É o caso deste “Megamente”, uma comédia de ação com bons momentos, mas sem nem um pingo de ousadia ou originalidade. A premissa do vilão-título (Ferrell) que mata seu herói rival, Metro Man (Pitt), entra em crise e precisa criar um novo arqui-inimigo é interessante, mas ela descamba logo para o convencional quando Megamente se apaixona por Roxanne (Fey), um projeto de Lois Lane / repórter / groupie do herói falecido.

É oficial: depois de Avatar, azul é o novo preto.

O filme é uma mistura de “Corpo fechado” e “Meu malvado favorito”, sem a inteligência do primeiro ou o coração do segundo, com sequências de ação que, sem exceção, parecem derivativas de “Os incríveis”. O ritmo de correria impresso pelo diretor Tom McGrath, o carnaval de cores e o humor bonachão típico dos filmes com Will Ferrell não devem decepcionar as crianças. Para os adultos, porém, resta o interesse pelo elenco de vozes original – mesmo com a dublagem, é possível ver o ritmo e o estilo do humor de Tina Fey em Roxanne (e ter quase certeza de que ela deve ter reescrito 99% de seus diálogos).

No mais, “Megamente” é 1h30 de diversão escapista e descompromissada. Esqueça o humor subversivo do “That’s all, folks”: qualquer sitcom é mais ousado do que o que você vai encontrar aqui. A lição de moral é tão clara quanto rasa, especialmente quando é dita pelos personagens em diálogos clichês pós-cenas de ação, sem deixar o espectador chegar a suas próprias conclusões – como no silêncio final de “Toy story 3”, por exemplo. Ok, eu sei, a comparação é injusta. Mas é impossível não fazê-la.


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