Desconhecido

Charles Bronson (with brains)?

Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

Charles Bronson (with brains)?

No auge do sucesso d’O Código da Vinci de Dan Brown, a especulação sobre quem viveria o protagonista no cinema colocava a disputa entre George Clooney, Hugh Jackman e Tom Hanks. O último ganhou e fez dois filmes… medíocres. O que ninguém imaginava é que o Robert Langdon ideal estava escondido sob o ar austero e a fisicalidade crepuscular de Liam Neeson.

Desde o sucesso de bilheteria de “Busca Implacável” e agora com a boa recepção de “Desconhecido”, o ator vem se reinventando como um astro de ação da melhor idade. Espécie de prova viva de que os 60 são os novos 40 (que, por sua vez, são os novos 30), Neeson mostrou que é capaz de quebrar o pau com a bandidada, ao mesmo tempo em que traz uma necessária dignidade para ajudar a engolir o excesso de reviravoltas desse tipo de thriller.

E reviravolta é o que não falta em “Desconhecido”. Martin Harris (Neeson) é um professor que viaja a Berlim com a esposa (Jones) para dar uma palestra. Ele esquece a maleta com seus documentos no aeroporto e, ao ir buscá-la, sofre um acidente de carro, passando dias em coma. Quando acorda, sua identidade foi roubada, a esposa não o reconhece e se descobre sozinho em uma cidade estranha, tentando provar quem é.

Lá pela quinta ou sexta reviravolta, tudo que resta é se ajeitar na poltrona, dar aquele riso de canto de boca – e se divertir, tamanho é o absurdo que o roteiro quer que você compre. “Desconhecido” não é um filme “ruim”: é o tipo de longa que, se você estiver sozinho em casa e começar a assistir no Super Cine, vai pra cama rindo ao pensar na trama ridiculamente mirabolante. Mas… satisfeito.

Por trás do bigode, Hitler na verdade é um velhinho bem bonzinho.

O que sustenta a produção é a fidelidade de Liam Neeson a Martin Harris, não importa o que joguem na sua direção. Como January Jones não tem a ambiguidade que sua personagem pede a partir de certo ponto, o diretor Jaume Collet-Serra se apoia na coleção de atores alemães de peso em papéis secundários. O destaque é, sem dúvida, Bruno Ganz (o Hitler de “A Queda”) que tem uma cena deliciosamente exagerada com Frank Langella no ato final. Os dois transformam um dos momentos mais expositivos do roteiro em um show de atuação, a ponto de ficar quase deslocado do resto do filme.

Por fim, o diretor demonstra mais uma vez ter mão boa (e sem personalidade) para thrillers de encomenda. Conduz a trama com tensão e ritmo, sem ser capaz de elevar o nível do roteiro que lhe foi entregue. Uma perseguição de carros no meio do filme é tão bem feita quanto derivativa e formulaica. Mistura de Hitchcock com a trilogia Bourne, “Desconhecido” é uma bobagem despretensiosa, que realmente desperta curiosidade em saber o que o diretor e Neeson fariam com as tramas carnavalescas de Dan Brown.


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